Durante entrevista ao programa Agro é Massa nesta quinta-feira (15), o presidente do Sistema Famasul, Marcelo Bertoni, destacou a importância do diálogo e da busca por soluções equilibradas para os conflitos fundiários envolvendo comunidades indígenas em Mato Grosso do Sul.
A conversa abordou temas delicados como notificações por queimadas no Pantanal e a insegurança jurídica em propriedades rurais ocupadas há décadas.
“Não se pode resolver uma injustiça histórica com outra. Muitos produtores têm títulos de terra com mais de 150 anos e não foram responsáveis pelos conflitos que vivemos hoje. O Estado precisa assumir seu papel nesse debate”, afirmou Bertoni sobre o marco temporal e a ratificação de fronteiras em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
Bertoni também criticou a ausência de critérios técnicos claros nos processos de demarcação de terras e nas notificações por incêndios em áreas rurais. Segundo ele, muitas propriedades foram multadas mesmo estando invadidas por décadas ou sem provas concretas da origem do fogo. “Não se pode imputar culpa ao produtor sem garantir o direito à defesa e sem entender as particularidades de cada região”, disse.
Além disso, o presidente apontou que o produtor rural tem sido o primeiro a combater os incêndios no Pantanal, muitas vezes sem o apoio necessário do poder público. Ele defendeu que as políticas de prevenção e controle de queimadas considerem a realidade local e não sejam aplicadas de forma genérica. “Falta estrutura até para os bombeiros atenderem todas as áreas notificadas”, completou.
Diálogo com lideranças indígenas
Sobre o diálogo com as lideranças indígenas, o presidente da Famasul destacou avanços em negociações diretas com algumas comunidades. Para ele, muitos indígenas também desejam produzir, ter acesso a infraestrutura e viver com dignidade. “A Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) precisa parar de impedir o desenvolvimento dos povos originários. Eles querem educação, saúde, saneamento e também a chance de trabalhar em suas terras”, afirmou.
Ao encerrar, Bertoni reforçou que a Famasul continuará atuando pela segurança jurídica do campo, ao lado de sindicatos e produtores, buscando construir pontes com todos os envolvidos. “Conflito não é bom para ninguém. O que buscamos é entendimento, justiça e respeito à legalidade”, concluiu.
Confira a entrevista completa no Agro é Massa desta quinta-feira (15):