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PECUÁRIA

Menor oferta de boi gordo e recuperação das aves e suínos redesenham cenário da pecuária

Consultoria projeta queda na disponibilidade de carne bovina em 2026, enquanto avicultura e suinocultura mantêm trajetória de crescimento apesar das turbulências recentes

Menor oferta de boi e expansão de aves e suínos devem marcar o novo ciclo da pecuária brasileira - Foto: Gerada por IA/ Arthur Ayres
Menor oferta de boi e expansão de aves e suínos devem marcar o novo ciclo da pecuária brasileira - Foto: Gerada por IA/ Arthur Ayres

O novo cenário da pecuária brasileira começa a tomar forma com a combinação de menor oferta de boi gordo, resiliência da avicultura e expansão constante da suinocultura. Uma consultoria especializada em agronegócio apresentou um relatório anual com perspectivas para as principais cadeias produtivas do país e indicou que a carne bovina deverá enfrentar uma redução de disponibilidade em 2026, enquanto os outros segmentos de proteína animal seguem em trajetória de crescimento.

No caso da pecuária de corte, o estudo destaca que o ciclo atual é resultado direto do volume elevado de abate de fêmeas nos últimos três a quatro anos. Esse movimento, que ajudou a pressionar a oferta de carne bovina para cima no curto prazo, tende agora a cobrar seu preço na reposição de rebanho. Com menos matrizes em idade produtiva, a expectativa é de menor número de animais prontos para abate à frente, o que reduz a oferta de carne no mercado.

Essa mudança estrutural, segundo a análise, deve favorecer uma recomposição dos preços da arroba a partir de 2026. A menor disponibilidade de animais no gancho cria espaço para valorizações em praças importantes, mesmo em um ambiente de consumo ainda pressionado pelo orçamento das famílias. Como resultado, produtores que conseguiram atravessar o período de preços mais baixos com finanças organizadas podem se beneficiar da fase de recuperação.

Em Mato Grosso do Sul, as referências de mercado mostram um quadro de estabilidade recente nas cotações do boi gordo, com diferenças pontuais entre regiões. Na praça de Três Lagoas, o pagamento a prazo em 30 dias registra R$ 315 por arroba, enquanto em áreas de Campo Grande e Dourados o valor chega a R$ 316. Os números não incluem descontos de Funrural e SENAR. Apesar de alguns recuos em estados como Pará e regiões do Paraná, o movimento geral sugere uma acomodação temporária após períodos de maior oscilação.

Enquanto a carne bovina se encaminha para uma fase de oferta mais enxuta, a avicultura atravessa um ciclo de recuperação após um ano turbulento, marcado pela gripe aviária e pela interrupção temporária de exportações. Mesmo assim, o setor deve encerrar o ano em terreno positivo e com boas perspectivas para 2026. O relatório aponta que as empresas conseguiram manter resultados sólidos, apesar dos bloqueios em mercados importantes durante os momentos mais críticos da doença em um estado do Sul.

A reabertura gradual desses mercados, depois de comprovado que o foco de gripe aviária era isolado, recolocou o Brasil na rota de grandes importadores. Fica evidente, assim, o peso do país como principal player do mercado internacional de carne de frango. A expectativa é de que a demanda siga firme em regiões como Oriente Médio, Ásia e África, com a competitividade brasileira reforçada pela redução de oferta em concorrentes que também enfrentaram problemas sanitários.

Já na suinocultura, o quadro é de crescimento robusto. O setor deve encerrar 2025 com recordes de produção e exportação. O consumo interno também mostra avanço, com a carne suína ganhando espaço na mesa do consumidor brasileiro. A avaliação é de que a cadeia conseguiu se inserir com mais força nos hábitos alimentares, ao mesmo tempo em que mantém presença relevante nos embarques para o exterior.

Os analistas ressaltam, no entanto, que a suinocultura precisa acompanhar de perto as oscilações da demanda externa para garantir continuidade no ritmo de expansão em 2026. Alterações pontuais em compras de países-chave podem exigir ajustes rápidos na produção e na estratégia comercial. Apesar disso, a perspectiva geral segue positiva, com o setor embalado por ganhos de eficiência e por uma base de consumo mais diversificada.

Nesse contexto, estados como Mato Grosso do Sul tendem a acompanhar o movimento nacional. Presente entre os maiores produtores de carne de aves do país e com participação relevante na pecuária de corte, o estado se beneficia da combinação entre estrutura industrial, disponibilidade de grãos e localização estratégica. Assim, a forma como cada produtor ajusta seu sistema de produção, sua gestão de custos e sua política de comercialização será determinante para capturar as oportunidades desse novo ciclo da pecuária brasileira.