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CORREDOR BIOCEÂNICO

Brasil e Chile alinham compromissos em Campo Grande para viabilizar Corredor Bioceânico em 2026

Evento reuniu autoridades brasileiras e chilenas para discutir logística, comércio e integração cultural na rota que deve ligar Mato Grosso do Sul ao Pacífico

Evento discutiu logística, comércio e integração cultural na rota que deve ligar Mato Grosso do Sul ao Pacífico - Foto: Ana Lorena Franco/Portal RCN67
Evento discutiu logística, comércio e integração cultural na rota que deve ligar Mato Grosso do Sul ao Pacífico - Foto: Ana Lorena Franco/Portal RCN67

O futuro do Corredor Bioceânico esteve no centro das atenções em Campo Grande, nesta quarta-feira (3), durante a Roda de Negócios Brasil-Chile. O encontro reuniu representantes dos dois países e destacou tanto os avanços em infraestrutura quanto os impactos econômicos e culturais que a rota deve gerar nos próximos anos.

Obras e prazos para a ponte e a alça

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, detalhou os investimentos federais e reafirmou que a ponte sobre o rio Paraguai, em Porto Murtinho, será inaugurada no primeiro semestre de 2026. A conclusão da alça de acesso deve ocorrer até o final do mesmo ano.

“Essa obra já não é mais promessa, é realidade. O dinheiro está garantido no orçamento e a conclusão acontecerá até o final de 2026”, afirmou Tebet.

Ela explicou que o orçamento federal reservou R$ 551 milhões apenas para a alça da ponte, além de recursos para aduanas, segurança de fronteira e conectividade digital.

Integração regional como política de Estado

Simonete Tebet durante o evento – Foto: Ana Lorena Franco/Portal RCN67

Para Tebet, o projeto vai além da logística. “Durante muito tempo, o Brasil viveu de costas para a América do Sul. Hoje podemos dizer que somos irmãos e que esse projeto é uma política de Estado, não de governo”, destacou.

A ministra também apontou que o corredor deve reduzir em até três semanas o tempo de transporte de cargas para a Ásia, o que pode dobrar a integração comercial entre os países da região em cinco anos.

Comércio equilibrado com o Chile e novos mercados

O governador Eduardo Riedel (PP) reforçou que a rota deve ampliar a presença do Brasil em mercados estratégicos. Em 2024, Mato Grosso do Sul exportou US$ 210 milhões para o Chile e importou US$ 197 milhões.

“Isso vai incrementar muito essa relação comercial, mas também todo o desenvolvimento logístico para exportação para outros países e importação de outros países”, afirmou.

Ele destacou ainda a expectativa de crescimento das exportações para o continente asiático: “Não só para a China, mas para os mercados asiáticos. Estamos falando do Sudeste Asiático, da China, do Japão, do Vietnã, da Indonésia, da Malásia e de Singapura”.

Visão chilena: portos modernizados e menos burocracia

Do lado chileno, o ministro de Fomento e Turismo, Álvaro García, lembrou os investimentos feitos em infraestrutura.

“Não só estamos entusiasmados e fazendo lindos discursos, estamos fazendo as obras que se requerem para fazer deste sonho uma realidade. Já investimos na melhoria dos portos de Iquique e Antofagasta, instalamos novas gruas e ampliamos a capacidade de armazenamento”, afirmou.

Ele destacou ainda a aprovação de uma legislação para reduzir entre 30% e 70% o tempo de análise de projetos no Chile, como forma de atrair mais investimentos.

Tarapacá como saída estratégica para o Brasil

O governador regional de Tarapacá, José Miguel Carvajal, reforçou o papel de Iquique como porta de entrada para o Brasil no Pacífico.

“O norte de Chile, Tarapacá e Iquique são a grande oportunidade para aumentar a competitividade do Brasil, mas especialmente de Mato Grosso do Sul”, declarou.

Campo Grande como hub logístico

A prefeita Adriane Lopes (PP) destacou o papel da capital no projeto, lembrando que a cidade é a maior entre as que compõem a rota.

“Campo Grande se tornará um hub logístico e vai levar desenvolvimento para a região central do nosso país. Abraçamos esse projeto e acreditamos que a capital está preparada para protagonizar essa integração”, afirmou.

Diplomacia e comércio bilateral

Representando o Ministério das Relações Exteriores, Daniela Benjamin destacou a relevância do comércio entre os dois países e o potencial de crescimento.

“Só nesse primeiro semestre de 2025, as exportações brasileiras de carne para o Chile cresceram mais de 30%. O Brasil já é o principal destino de vinho chileno no mundo, e a operacionalização do corredor vai ampliar ainda mais esse dinamismo”, disse.

Ela também ressaltou o papel do turismo e da conectividade aérea, lembrando que mais de 780 mil brasileiros visitaram o Chile em 2024.

Desenvolvimento além da economia

O governador Riedel resumiu o espírito do encontro: “Vai ajudar a desenvolver o Chile, a Argentina, o Paraguai, o Mato Grosso do Sul e, consequentemente, o Brasil. Eu não tenho dúvida que a perspectiva é muito positiva”.