Acusados de operar um esquema bilionário de descontos ilegais em aposentadorias e pensões foram presos nesta sexta-feira (12) em uma nova fase da Operação Cambota. A ação, conduzida pela Polícia Federal e autorizada pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), cumpriu dois mandados de prisão preventiva e 13 de busca e apreensão em endereços de São Paulo e do Distrito Federal.
A operação mira os responsáveis por cobranças associativas não autorizadas em benefícios previdenciários, investigadas desde abril na Operação Sem Desconto. Estimativas apontam que aposentados e pensionistas sofreram prejuízo de cerca de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. Os crimes apurados incluem obstrução de investigações, dilapidação e ocultação de patrimônio.
Entre os presos está Antonio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, apontado como figura central do esquema. Ele foi detido em Brasília, onde agentes também realizaram buscas na casa de seu filho, Romeu Carvalho Antunes.
O empresário Maurício Camisotti, outro investigado que teria se beneficiado do esquema, também foi preso.
O cerco chegou ainda ao advogado Nelson Wilians, dono de um dos maiores escritórios do país, alvo de mandados de busca e apreensão. Segundo relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), o escritório de Wilians repassou R$ 15,5 milhões a Camisotti em transações consideradas atípicas.
Wilians afirma que os valores são referentes à compra de um terreno e diz confiar que “a apuração demonstrará sua total inocência”.
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que acompanha o caso aprovou cerca de 400 pedidos de informação e de quebra de sigilos bancário, fiscal e telemático de suspeitos.
Na semana passada, o colegiado já havia pedido ao STF a prisão preventiva de 21 pessoas ligadas ao esquema.
O caso tem impacto direto sobre milhões de beneficiários do INSS. Cerca de 1,6 milhão de aposentados e pensionistas tiveram descontos indevidos e começaram a receber ressarcimentos em julho.
Até agosto, R$ 1,084 bilhão já havia sido devolvido por meio de acordos judiciais, com bloqueio de R$ 2,8 bilhões em bens de investigados para garantir os pagamentos.
*Com informações da Agência Brasil