
A maior parte dos brasileiros defende que facções criminosas como o PCC, o Comando Vermelho e o Terceiro Comando sejam enquadradas como organizações terroristas, segundo pesquisa divulgada pela Genial/Quaest nesta quarta-feira (12).
O levantamento aponta que 73% dos entrevistados são favoráveis à medida, enquanto 20% se dizem contrários e 7% não souberam responder.
O estudo ouviu 2.004 pessoas entre os dias 6 e 9 de novembro, em entrevistas presenciais realizadas em todo o país. A margem de erro é de dois pontos percentuais, com nível de confiança de 95%.
Endurecimento da opinião pública sobre segurança
Os números revelam um endurecimento da percepção social em relação à criminalidade e ao papel do Estado no combate às facções. O tema voltou ao centro do debate público após as operações policiais no Rio de Janeiro, no fim de outubro, consideradas as mais letais da história do estado.
De acordo com a pesquisa, 67% dos entrevistados aprovam as ações policiais realizadas nos complexos do Alemão e da Penha, enquanto 25% desaprovam e 4% se dizem neutros.
O levantamento também mostra que 97% da população tomou conhecimento da operação, o que reforça o impacto nacional do episódio.
Debate sobre enquadramento legal das facções
O apoio ao enquadramento das facções como terroristas surge em meio à tramitação do projeto antifacção no Congresso Nacional. A proposta, relatada pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP), chegou a incluir o termo nas versões iniciais do texto, mas o ponto foi retirado da redação final após divergências com o governo federal.
Integrantes do Ministério da Justiça argumentam que o enquadramento poderia “banalizar o terrorismo” e fragilizar o sistema penal, além de abrir brechas para interferência internacional em operações de segurança.
Apesar disso, o apoio popular à medida mostra que há uma pressão crescente por políticas mais duras contra o crime organizado.
Medidas mais duras ganham apoio popular
A pesquisa também revela que 88% dos brasileiros apoiam o aumento de penas para homicídios cometidos a mando de facções, e 65% defendem a suspensão do direito de visita íntima para presos ligados a esses grupos.
Já 52% concordam que a segurança pública deveria ser responsabilidade do governo federal, e não apenas dos estados.
O levantamento mostra ainda que a violência é hoje a principal preocupação de 38% dos brasileiros, oito pontos percentuais a mais que no mês anterior, quando o índice era de 30%.
O crescimento indica que o tema voltou ao topo da lista de problemas que mais preocupam a população, à frente da economia e da saúde.
População pede ação mais firme do Estado
Além do apoio ao enquadramento das facções como terroristas, 86% dos brasileiros dizem acreditar que a polícia prende, mas a Justiça solta porque a legislação é fraca. Apenas 11% discordam dessa avaliação, e 2% não responderam