O Banco Central elevou nesta quarta-feira (7) a taxa básica de juros da economia brasileira em 0,50 ponto percentual. Com isso, os juros passaram a 14,75% ao ano, o maior patamar desde julho de 2006.
A decisão foi tomada por unanimidade pelo Comitê de Política Monetária (Copom) e responde a um cenário de inflação elevada e ambiente externo desfavorável.
A taxa básica de juros, conhecida como Selic, é a principal ferramenta do Banco Central para controlar a inflação. Ela influencia todas as demais taxas da economia, como as cobradas em empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras.
Quando a Selic sobe, o crédito fica mais caro e o consumo tende a cair, o que ajuda a conter a alta dos preços.
O Banco Central justificou o aumento com base no comportamento acima do esperado da inflação, que segue pressionada, e na desancoragem das expectativas para os próximos anos.
A projeção do próprio Copom para a inflação em 2026, ano que passou a ser o foco da política monetária, está em 3,6%, acima da meta central de 3% definida pelo Conselho Monetário Nacional.
A decisão também leva em conta o ambiente externo. Na véspera, o Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, decidiu manter os juros americanos no intervalo entre 4,25% e 4,50% ao ano, mas alertou que os riscos tanto para a inflação quanto para o desemprego aumentaram no país norte-americano.
A postura do Fed afeta diretamente economias emergentes como o Brasil, que precisam manter juros elevados para conter a saída de capital estrangeiro e segurar o câmbio.
Cenário interno não alivia pressão
No plano doméstico, o Banco Central aponta que, embora ainda haja dinamismo na atividade econômica e no mercado de trabalho, já se observa uma desaceleração em alguns setores. Ainda assim, a inflação — tanto a cheia quanto os núcleos — segue acima da meta, impulsionada principalmente pelos preços de serviços.
As expectativas coletadas pelo Boletim Focus também permanecem fora da meta: 5,5% para 2025 e 4,5% para 2026. O Copom considera esses números preocupantes e destacou que os riscos inflacionários continuam elevados, tanto por fatores internos quanto externos.
Entre os principais riscos de alta estão a possibilidade de maior persistência na inflação de serviços, desvalorização do câmbio e políticas econômicas que pressionem preços. Já no lado dos fatores que podem conter a inflação, o comitê cita a chance de uma desaceleração mais forte da economia brasileira, queda nos preços das commodities e menor ritmo de crescimento global.
Sem espaço para cortes no curto prazo
O Copom afirmou que seguirá com uma política monetária “significativamente contracionista por período prolongado” e que o ciclo de alta ainda não está necessariamente encerrado.
A manutenção dos juros em níveis elevados visa trazer a inflação para a meta no médio prazo.
A decisão foi unânime entre os nove membros do Comitê, presidido por Gabriel Galípolo, e ocorre num momento em que o Banco Central também acompanha de perto os efeitos da política fiscal do governo federal e seu impacto nas expectativas de inflação e no câmbio.