RÁDIOS
Campo Grande, 26 de abril

Denúncias nas redes sociais dão voz às minorias

Psicóloga explica como movimento se dá na internet e afeta a vida fora dela

Por Giovanna Dauzacker
22/10/2021 • 15h00
Compartilhar

“Vocês já tiveram um patrão abusivo? Já sofreu assédio no ambiente de trabalho?” Essas foram as perguntas que iniciaram a trend com a #exposedCG no twitter na quinta-feira (21). O tweet gerou diversas respostas de jovens campo-grandenses e foi parar até nos assuntos mais comentados da rede social.

“O exposed é um movimento social que veio para assistir, de certa forma, as minorias. Pessoas que não tem acesso à justiça, que não tem como chegar até ela, que passaram por determinada situação. Isso é muito positivo, porque a internet foi uma ferramenta para dar voz para essas pessoas”, explica da psicóloga Carolina Assis.

CBN: BANNER PRONCOR - DE 22.04.2024 A  06.05.2024
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Autor do comentário, o publicitário Pedro Santos não tinha ideia da proporção que o questionamento feito tomaria. Ele conta que o que o fez provocar a discussão foi um relato de abuso sexual sofrido por uma amiga.

“Minha amiga veio conversar comigo a respeito do abuso sexual que ela tinha sofrido e eu fui colocar no twitter porque eu não concordava com aquilo. Aconteceu aqui em Campo Grande, então eu não tinha como eu ficar quieto, e precisava dar voz ao acontecimento. E aí começou a surgir esses outros relatos e tendo a repercussão [...] Quando eu fui ver que tinha parado nos trend topics eu fiquei chocado com a situação, não estava preparado”, explica.

O caso que revoltou o publicitário aconteceu nesta semana e foi a gota d’água para a vítima, que já vinha sofrendo diversos assédios pelo chefe, com frequência, há quatro meses. “Quando eu fui na delegacia por ele ter feito tudo o que fez comigo, aconteceu essa repercussão toda. Isso foi na terça-feira, depois do almoço, foi onde eu pedi demissão e aí ele começou a me acusar de umas coisas por medo”, relata a mulher.

No boletim de ocorrência registrado por ela consta que o homem tentou beijá-la à força, mas ela relutou. Foi então que ele encostou o órgão genital nas pernas da vítima.

De acordo com o juiz Giuliano Máximo Martins, esse caso se caracteriza como assédio sexual, que, diferente do moral, é crime.

“Tem que ter um comportamento específico que é constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, sempre se prevalecendo o agente da sua condição de superior hierárquico ou de ascendência no emprego [...] não precisa ter o ato sexual, basta ter o constrangimento com o intuito de ter o ato”, esclarece.

Muitos dos casos relatados por meio da hashtag são do outro tipo de assédio, o moral. “Ele está relacionado a um comportamento abusivo, que normalmente pode ser feito por gesto ou por palavra, atitude. Mas ele vai só ameaçar, por repetição, a integridade física ou psíquica de uma pessoa em um ambiente em que ela se relaciona”, pontua o juiz.

Nesses casos, há alguns fatores preferenciais, como “sexo feminino, quando se trata de etnia e raça, orientação sexual e em casos de pessoas doentes ou acidentadas”.

 

O outro lado da exposição

Para a psicóloga Carolina Assis, há ainda outro lado dessa exposição de denúncias na internet. “Isso se tornou o tribunal da internet. Ou seja, o exposed condena, ele não julga”, afirma.

Ela ainda esclarece que no ambiente virtual, a tendência é que comportamentos sejam da mesma forma como na vida real. “O digital é um espelho da nossa sociedade”.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.

Mais de CBN Campo Grande