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Campo Grande, 27 de abril

Taxa de analfabetismo cai em MS, mas continua alta entre os idosos

Dados do IBGE mostram que quanto mais velho o grupo populacional, maior a proporção de analfabetos. Em 2023, o estado comportava 50 mil analfabetos com 60 anos ou mais

Por Duda Schindler/Gerson Wassouf
27/03/2024 • 13h00
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Em Mato Grosso do Sul, 86 mil pessoas com 15 anos ou mais de idade eram analfabetas em 2023, o equivalente a uma taxa de analfabetismo de 3,9%. Os dados foram revelados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2022 (Pnad Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa posiciona Mato Grosso do Sul como sétimo estado com a menor taxa entre as unidades federativas.

Segundo a Pesquisa, o analfabetismo está diretamente associado à idade. Quanto mais velho o grupo populacional, maior a proporção de analfabetos. De acordo com a Pnad, em 2023 o estado comportava 50 mil analfabetos com 60 anos ou mais, o que equivale a uma taxa de analfabetismo de 13,7% para este grupo etário.

Lurdes Meireles, de 65 anos de idade, interrompeu os estudos quando jovem, pois precisava ajudar os pais. Após falecimento de seu esposo decidiu retomar os estudos. "Agora é a hora que eu vou realizar meu sonho. Eu já 'tô' vendo que 'tô' desenvolvendo muito, porque agora já escrevo bem, já leio bem. Agora que a gente vê a falta que faz, né?", desabafa.

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O chefe da Divisão de Políticas Específicas da Educação da Secretaria Municipal de Educação (Semed), Felipe Augusto, conta como é implantado a Educação para Jovens e Adultos (EJA) em Campo Grande. Segundo Augusto, 11 escolas ofertam o programa na Capital, que tem 1.100 pessoas matriculadas. "Nós implantamos a EJA Flexível para atender aquela pessoa que trabalha o dia inteiro e que às vezes não consegue chegar ao horário", ressalta. Atualmente, apenas uma escola oferece o programa durante os três turnos.

O titular da Secretaria Estadual de Educação (SED), Hélio Queiroz Daher, aponta que Mato Grosso do Sul trabalha em diferentes eixos para combater a analfabetização. "O primeiro eixo vai ser sempre no processo inicial de alfabetização, garantir que os municípios tenham condições de oferecer alfabetização na idade certa e com a qualidade esperada". Daher aponta que é essencial o trabalho colaborativo entre o Estado e municípios para diminuir a taxa de analfabetismo, além de ter ofertas de cursos de qualificação para tornar o processo de educação atrativo para os adultos.

Segundo a Pnad, o Brasil tinha 9,3 milhões de pessoas com 15 anos ou mais de idade analfabetas, o equivalente a uma taxa de analfabetismo de 5,4%. Em relação a 2022, houve uma redução de 0,2 pontos percentuais, o que corresponde a uma queda de pouco mais de 232 mil analfabetos em 2023. 

Ainda segundo a Pesquisa, em 2023 havia 5,2 milhões de analfabetos com 60 anos ou mais, o que equivale a uma taxa de analfabetismo de 15,4% neste grupo etário. Os dados mostram que os analfabetos continuam concentrados entre os mais velhos. Para a professora universitária e doutora em educação, Ângela Maria Costa, o alto indice entre idosos é reflexo da pobreza existente no país. "Nós temos uma dívida muito grande com essa população de idosos. Então essa dívida precisa ser paga, precisamos de políticas que realmente insiram os idosos nas escolas".

Confira a reportagem transmitida em áudio durante o programa CBN Campo Grande:

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