São 104 anos de desenvolvimento. Três Lagoas é fruto de um dos maiores empreendimentos ferroviários do mundo, com 1.600 quilômetros de extensão, da extinta NOB (Noroeste do Brasil. Por seu espaço territorial e localização privilegiados, a cidade atrai grandes empreendimentos. De acordo com o historiador e diretor municipal de Cultura, Rodrigo Fernandes, cidade em três grandes processos de desenvolvimento. O primeiro, com a chegada da ferrovia; o segundo, a construção da hidrelétrica de Jupiá, e o terceiro, com as indústrias de celulose.
FERROVIA
Foi a única ferrovia de integração nacional na época. Após a Guerra do Paraguai, ficou evidente que as margens ocidentais ou o grande Mato Grosso teriam que ser povoado e anexado ao resto do país. A construção foi uma necessidade e se consolida com a formação de cidades ao longo da ferrovia. Três Lagoas, segundo o historiador, é peculiar, pois foi a única cidade do empreendimento “projetada para existir”.
Rodrigo explica que, em 1905, os engenheiros Justino Rangel de França, Oscar Teixeira Guimarães e Antônio Molina de Queiroz traçaram uma planta, respeitando um plano moderno de urbanização para a época, ao estilo francês.
OS PRIMEIROS
A região é frequentada desde o século 16. “Primeiro, os europeus, buscando a anexação insular através dos rios Tietê e Paraná, e também das bacias do Paraná, Iguaçu e rio Pardo, chegando até a fronteira onde hoje é o Paraguai e Bolívia. Três Lagoas foi ‘pensada’ e seu potencial espaço territorial faz com que a cidade se desenvolva através do tempo”, explicou Rodrigues.
Em 1910, a Estação Ferroviária de Três Lagoas foi inaugurada. A partir daí, a cidade começa a receber os primeiros moradores, muitos imigrantes vindo de várias regiões do Brasil e de outros países. “A formação de Três Lagoas se deu com a junção de vários povos que procuram novas oportunidades”.
USINA
A segunda etapa do processo de desenvolvimento de Três Lagoas, de acordo com Rodrigo Fernandes, se deu na construção da hidrelétrica de Jupiá, concluída em 197, no rio Paraná, o segundo maior da América Latina e o quarto maior do mundo. A construção foi concluída em 1974.
No período das obras, a cidade recebeu centenas de trabalhadores, que se fixaram na Vila Piloto. A usina foi a primeira a ultrapassar um gigawatt potência instalada no país e impulsionou o desenvolvimento da região.
CELULOSE
O terceiro grande ciclo de desenvolvimento, de acordo com Rodrigo Fernandes, se dá por conta da localização da matriz energética da cidade, que foi a instalação das fábricas de celulose a partir de 2009.
Três Lagoas tem três unidades de celulose. A Eldorado tem uma unidade com capacidade nominal de 1,5 milhão de toneladas de celulose por ano, mas com alta eficiência a produção anual superou 1,7 milhão de toneladas nos últimos dois anos. Atualmente, a Eldorado emprega 3,8 mil pessoas.
As duas linhas de produção da Suzano – grupo que incorporou a empresa Fibria, em 2018 – possuem capacidade para produzir juntas 3,25 milhões de toneladas de celulose por ano e empregam seis mil pessoas entre colaboradores próprios e de empresas terceirizadas.
As fábricas de celulose foram responsáveis por garantir a liderança de Três Lagoas nas exportações do Estado.