
A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior manifestou profunda preocupação com os cortes no orçamento das universidades federais aprovados pelo Congresso Nacional durante a tramitação do Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2026. Em nota pública, a entidade pede a recomposição imediata dos valores, sob o risco de comprometer o funcionamento regular das instituições e limitar o papel estratégico que exercem no desenvolvimento científico, social e econômico do país.
De acordo com cálculos realizados pela própria associação, o orçamento inicialmente previsto para as 69 universidades federais sofreu uma redução de 7,05%, o que representa um corte de aproximadamente R$ 488 milhões em relação à proposta original enviada pelo Poder Executivo.
Segundo a entidade, os cortes não foram distribuídos de forma homogênea e atingiram áreas essenciais para o funcionamento das instituições.
“Esses cortes incidiram de forma desigual entre as universidades e atingiram todas as ações orçamentárias essenciais ao funcionamento da rede federal de ensino superior”, diz a nota publicada pela associação.
A situação é ainda mais preocupante na área de assistência estudantil. A associação estima uma redução de cerca de R$ 100 milhões, o que compromete diretamente a implementação da nova Política Nacional de Assistência Estudantil, instituída pela Lei nº 14.914/2024. Segundo a entidade, o corte coloca em risco avanços recentes na democratização do acesso e da permanência no ensino superior público, especialmente entre estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica.
A Andifes também alerta que, caso não haja recomposição, o orçamento das universidades federais em 2026 será nominalmente inferior ao orçamento executado em 2025, sem considerar os efeitos da inflação e os reajustes obrigatórios de contratos, sobretudo aqueles relacionados à mão de obra.
Além das universidades, cortes semelhantes devem impactar o orçamento de órgãos estratégicos para a produção científica nacional, como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
Ao avaliar o cenário, a entidade afirma que os cortes comprometem o funcionamento do sistema federal de ensino superior.
“Estamos em um cenário de comprometimento do pleno desenvolvimento das atividades de ensino, pesquisa e extensão nas universidades federais, de ameaça à sustentabilidade administrativa dessas instituições e à permanência dos estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica”, diz a associação.