
O ano de 2025 chega ao fim com o tabuleiro político de Mato Grosso do Sul ainda em rearranjo. Entre a pressão da cláusula de barreira, o encolhimento de algumas legendas e o desinteresse de nomes estratégicos em encarar uma disputa majoritária, o cenário descrito para 2026, especialmente para as eleições alems 2026, aponta para uma eleição em que sobrevivência partidária e capilaridade devem pesar tanto quanto o discurso. Ainda assim, o que domina bastidores e cálculos é a falta de definições claras sobre quem lidera, quem acompanha e quem corre risco de ficar pelo caminho.
Nesse ambiente, PSD, MDB, Republicanos e PSDB aparecem como siglas em atenção permanente aos movimentos do governador Eduardo Riedel (PP), apontado como um polo de influência capaz de determinar tamanho de chapas, alianças e até o fôlego de legendas menores. Ao mesmo tempo, a expectativa por indicações e composições com o grupo governista surge como uma estratégia considerada central para evitar isolamento e manter competitividade nas disputas proporcionais.
As decisões de Riedel e do grupo governista vêm sendo aguardadas, e, com isso, as engrenagens partidárias têm sido mantidas em suspenso enquanto lideranças calculam riscos, tamanho de chapas e possibilidade de sobrevivência eleitoral. Nesse contexto, candidaturas têm sido condicionadas à oferta de espaço, nomes têm sido testados para compor listas e pontes têm sido construídas entre siglas que, em outros ciclos, caminharam separadas. A consequência é que o fim de 2025 é encerrado mais com expectativas do que com anúncios.
MDB e PSD: força de quadros, e aguardo próximo movimento
No MDB, a fotografia apresentada é de uma coligação proporcional considerada forte, com nomes como André Puccinelli, Eduardo Rocha e o trio de deputados estaduais Renato Câmara, Júnior Mochi e Márcio Fernandes. Porém existe um ponto sensível: se a ministra Simone Tebet, hoje em base do Governo Lula, decidir disputar o Senado, parte do capital político do partido poderia ser deslocada, reduzindo o desempenho na Assembleia Legislativa.
Já o PSD aparece num estágio mais enxuto, com apenas Pedrossian Neto. Além disso, a sigla é dependente de articulações ligadas ao vice-governador Barbosinha e ao senador Nelsinho Trad, o que, por consequência, tende a limitar expansão e manter o partido com representação restrita, caso a costura majoritária não avance.
Republicanos e PSDB: busca por tração em meio ao esvaziamento
O Republicanos, tem hoje apenas o deputado estadual Antônio Vaz e mira crescimento, mas dependeria de aval do grupo governista para ampliar base. Nessa leitura, o objetivo seria atrair parlamentares que ainda estão no PSDB, formando um bloco maior e mais competitivo.
O PSDB, por sua vez, encerra 2025 sob o peso de um enfraquecimento associado à saída do ex-governador Reinaldo Azambuja para o PL e do governador Eduardo Riedel para o PP. Mesmo com uma base expressiva de prefeitos e vereadores, o partido é descrito como um agrupamento que olha para 2028 sem direção clara, aguardando sinalizações de Riedel e Azambuja. Na prática, os seis deputados que vão para a reeleição acabam mais dependentes da própria estrutura do que da força partidária, caso permaneçam na sigla.
PT: base constante, mas pouca renovação aparente
O PT tem uma base constante de apoiadores e com potencial para manter três cadeiras. Ainda assim, o partido não apresentou, até aqui, nomes com força para disputar protagonismo interno além de Zeca do PT, Pedro Kemp e Gleice Jane, o que sugere uma eleição com menor margem para crescimento e maior foco na manutenção do que já existe.
PP e União Brasil: federação e expansão como aposta
O material também cita a federação PP–União Brasil, oficializada em agosto, com potencial de ampliar presença na Alems e até na Câmara Federal. No recorte estadual, o PP já abriga o deputado Gerson Claro, presidente da Alems, além de Roberto Hashioka e o eterno Londres Machado, que buscariam reeleição, com a possibilidade de outros parlamentares seguirem o governador rumo ao PP para manter espaço político.
No campo federal, Rose Modesto é colocada como nome que deve disputar vaga de deputada federal, cargo que já ocupou, enquanto o grupo liderado pela senadora Tereza Cristina é um dos mais fortes do Estado e com chance de sair dominante ao fim do processo eleitoral.
PL: Azambuja como eixo e atração de quadros
Comandado em MS pelo ex-governador Reinaldo Azambuja, pré-candidato ao Senado, o PL tem três deputados estaduais e potencial de se tornar dominante, em disputa direta com a federação PP–União. Além disso, tudo indica que 2026 irá começar com fluxo de deputados e pré-candidatos migrando para a sigla, puxados por estruturas políticas construídas durante os oito anos de Azambuja no governo.
PSB, Podemos e “sem partido”: disputa por espaço e rumo
PSB e Podemos aparecem como legendas sob desafios de esvaziamento e divisão interna. No PSB, o deputado Paulo Duarte é citado como principal nome e teria de se reinventar para buscar nova vitória. Já no Podemos, tensões internas e possibilidade de saída de filiados-chave, preocupam, apesar do partido contar senadora Soraya Thronicke e o deputado Rinaldo Modesto como figuras relevantes.
Entre os “sem partido” citados, Lucas de Lima e Lídio Lopes surgem como nomes que precisariam escolher legendas com precisão. Lucas de Lima que manteve o cargo mesmo diante de disputa por infidelidade partidária chega a 2026 com boas chances de reeleição.
No caso de Lídio Lopes, o desempenho dependeria do “partido certo” para potencializar sua forte base evangélica no Estado.
O efeito da cláusula de barreira e da dependência do grupo governista tem sido sentido, e, por isso, siglas menores vêm sendo empurradas para fusões práticas, alianças de sobrevivência e busca urgente por nomes competitivos. Nesse movimento, cadeiras podem ser preservadas ou perdidas menos por ideologia e mais por engenharia eleitoral: quem monta chapa, quem atrai puxadores e quem garante palanque tende a largar na frente, enquanto quem demora a decidir corre o risco de ficar sem tempo, e sem estrutura.
Com isso, 2026 é projetado como um ano de rearranjos: partidos maiores tentando ampliar domínio, siglas médias lutando para não encolher e legendas menores correndo contra o relógio para não desaparecer do mapa político local. A combinação entre cláusula de barreira, dependência do grupo governista e falta de candidaturas fortes em algumas siglas pode, segundo o cenário descrito, redefinir o equilíbrio de forças no Estado,e fazer de janeiro o início real da campanha, ainda que sem urnas à vista