RÁDIOS
Três Lagoas, 11 de maio

Jayme da Silva Neves

Jaymão da farmácia Bom Jesus, assim era carinhosamente conhecido

Por Redação
28/11/2019 • 08h31
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Naquela época a farmácia não era apenas um estabelecimento comercial, era como um estabelecimento de saúde, desempenhando importante função social e tendo o farmacêutico como um orientador de muita presteza, aplicando injeções, aferindo pressão e encaminhando pacientes para médicos  conforme o quadro que apresentavam. Assim era o farmacêutico da época. O Jaymão não fugia a regra. Socorria pessoas doentes a qualquer hora do dia ou da noite com remédios e aplicação de injeções para alivio das suas dores.

Embarcando na máquina do tempo e relembrando da Farmácia Bom Jesus do desde os seus primórdios nos anos 50, lembra-se das suas instalações simples e funcionais, montada com  balcões de madeira, prateleiras altas e fechadas com portas de vidro e da escada de madeira, que corria por toda extensão das prateleiras para a retirada dos medicamentos que ficavam no alto. Uma sala para aplicação de injeções com esterilizador de seringas e agulhas separava o ambiente principal da farmácia através de uma cortina de veludo vermelho. Ali, também, eram prestados os serviços farmacêuticos de primeiros socorros e de enfermagem”, que iam desde uma simples aferição de pressão arterial, até a aplicação da famosa injeção de Benzetacil de excelentes resultados, entre tantas outras.

Anexo a esta sala, encontrava-se o laboratório de manipulação e formulação de medicamentos na época muito comum o seu uso muito por pacientes que buscavam serviços da farmácia do Jaymão, que se destacava pela excelência de seus serviços.  A bancada onde formulava medicamentos era alta, repleta de frascos de vidros que tinham formatos variados e bonitos contendo os sais com os princípios ativos para a elaboração dos medicamentos encomendados pela clientela. Uma balança de precisão era utilizada com os seus pesinhos de gramas para a formulação adequada dos medicamentos que preparava.  

Jaymão era considerado  farmacêutico prático de referencia na cidade, pois era de  correção irreparável no trato e no atendimento às pessoas que o procuravam em seu  estabelecimento. Não trocava medicamentos prescritos pelos médicos quando não os tinha em suas prateleiras e nem manipulava erradamente os remédios que preparava. Orientava para o correto uso e dosagem dos medicamentos que vendia.  

Jayme revelou-se exímio manipulador de fórmulas farmacêuticas , além de ser exigente na hora da compra com a qualidade dos sais que usava, os quais eram em sua maioria importados pelos laboratórios que lhe atendiam. Os mais antigos ainda vivos, sempre a ele recorriam  diante de um problema de saúde, dizendo: “fale com o Jayme, que ele resolve”! A farmácia naquela época, era um ponto agradável de reunião entre amigos para um bom bate papo, troca de ideias e de conhecimento, além de notícias, pois o rádio era o único meio de comunicação da época que proporcionava o acompanhamento dos acontecimentos tanto da cidade como do país, até a chegada da televisão em Três Lagoas nos anos sessenta. Oferecia aos que mais cedo chegavam assento num banco de madeira, aliás, confortável e com encosto, que ficava no fim do balcão no lado direito. Antigos frequentadores da Farmácia Bom Jesus, recordam do banco dos amigos, centro de uma boa prosa do dia-a-dia. 

Jayme, com seu carisma, acolhia a todos sempre com muita atenção e sorriso largo. Era um homem do Bem, estimado e querido pelos que o conheciam.  Sempre tinha um bom livro sobre sua mesa na farmácia e gostava de ler jornal, uma revista que até hoje circula nas bancas - a  “Reader Digest”, além de  jornal e livretos de contos policiais.Vascaíno de coração, era apaixonado pela música paraguaia e correntina. Gostava de guaranias e do chamamé. E também, de uma boa roda de tereré para uma prosa descontraida e alegre.

Menino de família humilde, filho de Jerônimo Teófilo da Silva e Olíria Benjamim Neves -  a dona Lirota. Foi engraxate quando criança e aos 13 anos de idade começou a trabalhar na Farmácia de Dulcindo da Costa Dias, onde lavava as vidros e aprendeu o ofício de farmacêutico prático. Com ajuda do pai, aos 22 anos instalou a sua própria farmácia e obteve sua inscrição no Conselho de Farmácia, em 1963, como Oficial de Farmácia Provisionado.

A Farmácia Bom Jesus era localizada na rua Dr. Bruno Garcia, 408. Permaneceu neste mesmo endereço durante 34 anos até o querido e saudoso Jaymão se aposentar do ofício que abraçou e exerceu com extrema correção e dedicação. Assim que adquiriu a farmácia, se sentiu pronto para casar, após um longo namoro de quase 10 anos. Casou-se em 1954, com Esther Lopes da Silva Neves e desta união nasceram quatro filhos, Eliana, Elaine, Elenir e Jayme. Acometido por insidiosa doença faleceu com 62 anos de idade em 1994.

Palavra da Família 

Participar desta edição quando a Revista Sete homenageia o farmacêutico é grande satisfação e orgulho para nós, os descendentes de Jayme Neves. É oportunidade para lembrar e falar do nosso Pai, o Jaymão, um farmacêutico que marcou no seu tempo qualidades de admiração e respeito, tanto pela classe médica, como sua clientela e amigos. Para nós exemplo de dedicação ao trabalho, respeito ao paciente, que se soube receber com ética e prestimosa assistência e atenção farmacêutica.

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