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Importação de leite em pó pressiona produtor brasileiro, e CNA cobra medidas antidumping

CNA denuncia dumping no leite em pó importado de Argentina e Uruguai, pressiona governo por medidas antidumping para proteger produtores brasileiros.

Pequeno produtor de leite com galões e carro pipa
Leite em pó importado de Argentina e Uruguai, pressiona governo por medidas antidumping. Foto: Gerada por IA | Adriano Hany

A cadeia do leite volta a acender o sinal de alerta diante da concorrência com o produto importado. Em audiência pública na Câmara dos Deputados, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) detalhou a crise enfrentada pelo setor leiteiro. Ela defendeu a adoção de medidas antidumping contra países vizinhos, em especial a Argentina e o Uruguai.

O vice-presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, pecuarista de Uberaba, apresentou dados. Eles apontam uma diferença expressiva entre os preços praticados no mercado interno desses países e os valores cobrados para o produto enviado ao Brasil. Segundo ele, o leite em pó argentino e uruguaio chega ao mercado brasileiro com preços até 54% menores do que aqueles observados nos respectivos mercados domésticos.

Na prática, isso significa que a indústria estrangeira estaria vendendo para o Brasil abaixo do valor de referência interno. Isso configura prática de dumping e desequilibra a concorrência. Enquanto o produtor brasileiro enfrenta custos elevados com alimentação, energia, mão de obra e juros, o leite importado desembarca com vantagem de preço. Essa situação comprime margens e provoca o fechamento de propriedades em várias regiões.

Impacto das Medidas Antidumping

De acordo com a CNA, todas as medidas preliminares já haviam sido adotadas em 2023. Restava apenas a abertura do processo formal de antidumping, que foi recomendado pelo Ministério do Desenvolvimento. Para a entidade, o tempo de resposta é crucial. Cada mês de demora significa perda de renda no campo, desestruturação de bacias leiteiras e êxodo de produtores para outras atividades.

A Confederação alerta que a crise não é pontual. O movimento de aumento de importações, combinado a períodos de preços baixos pagos ao produtor, vem corroendo a capacidade de investimento da pecuária leiteira. A preocupação é que, sem proteção adequada frente a práticas desleais, o Brasil acabe mais dependente de leite em pó importado. Isso ocorre justamente em um segmento que tem forte papel social e emprega milhares de famílias em todo o país.

Expectativas do Setor Leiteiro

Diante desse cenário, o setor espera que o governo avance na investigação de dumping. Se confirmadas as distorções, aplique tarifas compensatórias. A avaliação é de que a competitividade do leite brasileiro depende tanto de melhorias internas quanto de defesa firme contra práticas comerciais. Isso é necessário para evitar que o produtor fique em desvantagem estrutural.