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ARRENDAMENTOS PERIGOSOS!

Endividamento rural e arrendatário 100% financiado no prejuízo

Cálculos do Banco Central indicam que o arrendatário que financia 100% dos custos já trabalha no vermelho. Foto: Gerada por IA | Adriano Hany
Cálculos do Banco Central indicam que o arrendatário que financia 100% dos custos já trabalha no vermelho. Foto: Gerada por IA | Adriano Hany

O alerta do Banco Central sobre o endividamento rural ganhou destaque no Agro é Massa. Isso ocorreu especialmente pela situação dos produtores que trabalham em área arrendada e dependem totalmente do crédito para custear a safra. Em participação ao vivo, Ginei César explicou que o BC fez as contas dos juros, das linhas de crédito e das margens para cada perfil de produtor. Chegaram a uma conclusão incômoda: o arrendatário que financia 100% dos custos já opera no prejuízo.

Sobre o levantamento

De acordo com o levantamento, essa categoria registrou prejuízo médio de 2,6% na safra 2024/2025. Enquanto isso, o cenário muda bastante quando se observa outros perfis. Arrendatários que não dependem de financiamento conseguem margem em torno de 15%. Já produtores proprietários, sem financiamento, alcançam uma rentabilidade média de 35,7%. Mesmo quem é dono da terra e ainda assim recorre ao crédito mantém resultado positivo, com margem próxima de 22,6%.

Além disso, o Banco Central aponta que o quadro atual de crédito rural, tal como está estruturado, não garante sustentabilidade para o arrendatário totalmente financiado. Por isso, a diretoria da instituição classifica os danos como “alarmantes” e defende a necessidade de revisar as políticas públicas. Isso se refere sobretudo à forma como o crédito é distribuído. O aumento da inadimplência reforça essa preocupação. Entre produtores pessoas físicas, o índice chegou a 7,9% no primeiro trimestre do ano, já acima do registrado no ano anterior. Entre grandes produtores, a taxa atinge 10,7%, com maior concentração no Centro-Oeste, Paraná e São Paulo.

Fabiano Reis lembrou que esse aperto acontece justamente em um momento de custos crescentes. Projeções feitas ainda no início do ano mostravam que o custo financeiro da safra 2025/2026 de soja seria pelo menos 8% maior que o ciclo 2024/2025. Na prática, o aumento veio ainda mais forte, em torno de 9,2%. Assim, mesmo o produtor proprietário já sente forte compressão de margem. Isso torna a realidade do arrendatário ainda mais delicada.

Alternativas e Riscos no Arrendamento Rural

Por outro lado, contratos de “divisão de risco e benefício” aparecem como uma das poucas alternativas viáveis dentro do modelo de arrendamento. Nesses casos, explicou o apresentador, o produtor não assume sozinho o peso dos custos e da oscilação de preços. Já o arrendamento em sacas fixas por hectare, muito comum em várias regiões, se torna “completamente inviável” na conjuntura descrita pelo Banco Central.

Dessa forma, o recado que sai do levantamento é direto. Sem ajustes na política de crédito, o arrendatário totalmente financiado tende a ver a conta fechar no vermelho. E isso não afeta apenas a safra atual. Segundo consultorias citadas no programa, o medo do endividamento e as margens apertadas já começam a influenciar o planejamento das próximas safras. Isso tem reflexos no ritmo de investimento, na compra de insumos e na disposição de assumir risco no campo.