
A decisão dos Estados Unidos de retirar a sobretaxa de 40% sobre a carne bovina brasileira deve mudar o ritmo das exportações do setor nos próximos meses. A avaliação é do analista Fernando Iglesias, da Safras & Mercado, entrevistado pela Massa FM. Segundo ele, a medida recoloca o Brasil entre os fornecedores mais competitivos do mercado norte-americano, que enfrenta preços elevados e demanda forte por proteína importada.
O anúncio da Casa Branca ocorreu na quinta-feira (20) e vale para mais de 200 produtos, incluindo cortes bovinos e até café. Antes da tarifa, os EUA eram o segundo maior destino da carne do Brasil e lideravam as compras originadas de Mato Grosso do Sul em 2025.
Brasil volta ao jogo com vantagem
Para Iglesias, o retorno dos Estados Unidos acontece em um momento estratégico. Com a China — principal compradora do Brasil — reduzindo o ritmo das importações, a reabertura de um mercado de grande porte tende a reequilibrar o cenário.
“O Brasil hoje é o país com melhores condições para fornecer proteína animal. Temos competitividade frente a Austrália, Argentina, Nova Zelândia e Uruguai”, afirmou.
Ele ressalta que a demanda global continua forte e deve permitir que o país abasteça, simultaneamente, destinos como México, Oriente Médio e União Europeia.
México perde espaço, mas segue relevante
Durante o período tarifado, o México ganhou protagonismo nas exportações brasileiras. Com a mudança, a tendência é que os volumes se redistribuam. Iglesias explica que parte da carne enviada aos mexicanos seguia como triangulação para os EUA, movimento que pode deixar de ocorrer. Mesmo assim, o país deve continuar comprando do Brasil.
Incertezas sobre a China
O analista também comentou a preocupação do setor com as possíveis salvaguardas chinesas, que incluem redução de financiamento a importadoras de carne. A simples especulação sobre novas regras já derrubou preços na B3 e afetou o mercado físico do boi gordo.
“A China representa quase metade das exportações brasileiras. Qualquer sinal de mudança gera apreensão. Mas não há confirmação oficial dessas medidas. O dia 26 será decisivo para entender o impacto real”, disse.
Apesar da tensão, Iglesias reforça que o Brasil segue como principal alternativa global para o abastecimento de carne bovina.