Cerca de 40 tomografias deixarão de ser realizadas por dia no Hospital de Câncer de Campo Grande Alfredo Abrão (HCAA) após queima do tubo do único tomógrafo disponível para o atendimento de pacientes oncológicos. Conforme o hospital, não há previsão para o conserto do equipamento, que queimou antes do prazo de vida útil previsto, conforme o presidente do HCAA, Amilcar Silva Júnior.
A reposição da peça, que custa mais de R$ 600 mil, deve levar no mínimo 30 dias, pois precisa ser importada dos Estados Unidos. “Não existe hoje no Brasil um tubo desse tomógrafo. A Phillips vai importar e, assim que chegar, eles pedem 25 dias pra fazer o desembaraço alfandegário, transportar para Campo Grande e fazer a instalação”, informou o presidente.
De imediato, a diretoria do HCAA se reuniu nesta tarde na Defensoria Pública Estadual com representantes do município e do estado para buscar parceria com outros hospitais da capital, chegando, até então, em acordo com o Hospital Regional para a transferência de 20 pacientes por dia. “Às vezes um paciente demanda dois ou três exames. Ainda não fechamos o número de pacientes prejudicados, temos que ver a capacidade de cada hospital para que a gente possa encaixar nossos pacientes e realizar os 40 exames/dia”, explicou Amilcar.
Em resposta à Rádio CBN Campo Grande o Hospital Santa Casa disse que não consegue suportar o repasse de todos os pacientes do HCAA, mas respondeu oficialmente ao pedido de ajuda da Secretaria Estadual de Saúde (SES) informando que “Infelizmente não temos como atender a demanda. Ofertamos como doação a realização de quatro exames dia para a SES”, disse o Superintendente da Gestão Médico-Hospitalar, Dr. Luiz Alberto Kanamura.
Sem o equipamento devidamente completo, o serviço de imagens de tomografia aos pacientes oncológicos assistidos pelo HCAA não está paralisado, porém não será possível manter a produção média de 120 atendimentos/dia na radioterapia e consequentemente as 300 cirurgias/mês, divulgou o Hospital em nota. Filantrópico, o Hospital atende pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e deixará de realizar 900 exames de tomografia por mês.
A solução mais rápida pode vir por meio de emenda federal, segundo o presidente do Hospital. Esperada há três anos, uma emenda da bancada estadual (que não teve valor informado pelo HCAA) pode ser usado para a compra de um novo equipamento. “Estamos pedindo alteração dessa emenda, vamos ver se o governo federal faz isso com rapidez, para que a gente possa adquirir um novo tomógrafo. Esse nosso é bastante antigo e as peças já estão com dificuldades de conseguir”, desabafou.
A atual máquina de tomografia do Hospital de Câncer Alfredo Abrão, adquirida em 2015, demora 20 minutos para fazer um exame, enquanto um novo leva o mesmo tempo para fazer três a quatro exames, gerando um desgaste menor à maquina e ao paciente durante o processo.
Aumento de pacientes
Após a pandemia o HCAA registrou um aumento em torno de 65% dos atendimentos no Hospital em 2021, impactando todos os setores do. “Gerou uso excessivo do Tomógrafo que já operava acima da capacidade, com necessidade de atualização. Com isso, intensificou-se a demanda reprimida e a consequente espera por exames de imagens, dentre eles o de tomografia”, informou em nota.