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PREVENÇÃO

Campanha Fogo Zero mobiliza produtores, estudantes e governo no combate às queimadas em MS

Evento da Reflore-MS marca 13ª edição da campanha contra incêndios florestais e destaca papel do setor produtivo no enfrentamento ao fogo

Evento da Reflore-MS marca 13ª edição da campanha contra incêndios florestais e destaca papel do setor produtivo no enfrentamento ao fogo - Foto: Fernando de Carvalho/Portal RCN67
Evento da Reflore-MS marca 13ª edição da campanha contra incêndios florestais e destaca papel do setor produtivo no enfrentamento ao fogo - Foto: Fernando de Carvalho/Portal RCN67

Com o desafio de alcançar o “fogo zero” em áreas rurais e florestais de Mato Grosso do Sul, a 13ª edição da campanha de prevenção a incêndios foi lançada nesta terça-feira (6) em Campo Grande, reunindo produtores, entidades do agronegócio, representantes do governo e estudantes universitários.

A ação é coordenada pela Reflore-MS (Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas), que há mais de uma década atua na conscientização e no planejamento integrado de combate às queimadas no Estado.

O evento marcou também o início da Jornada Florestal, uma imersão prática voltada a estudantes das universidades públicas, e reforçou o alinhamento entre o setor produtivo, o poder público e a academia para enfrentar os impactos do fogo no campo — em um ano que já começou com alerta de emergência ambiental.

Reflore-MS: prevenção como eixo da produção sustentável

A Reflore-MS é hoje referência nacional quando o assunto é prevenção de incêndios florestais em regiões de produção de base florestal. Representando empresas que atuam no plantio, colheita, transporte e uso industrial de florestas plantadas, a associação lidera uma das principais campanhas de conscientização do país.

Durante o lançamento da campanha, o presidente da entidade, Júnior Ramires, destacou que o trabalho não se resume à temporada de seca. “A gente trabalha a relação com o fogo o ano inteiro. A campanha é o momento de lançar para a sociedade o que já vem sendo feito pelas nossas empresas, brigadas, sindicatos e parceiros ao longo dos meses. Nosso objetivo maior é evitar o incêndio, e não apenas reagir a ele”, afirmou.

Presidente da Reflore-MS durante o evento – Foto: Fernando de Carvalho/Portal RCN67

Ramires enfatizou que o setor florestal tem sofrido com estigmas históricos e reforçou que o produtor rural é, na prática, o primeiro a combater o fogo. “É preciso mudar essa imagem equivocada. O prejuízo de um incêndio recai diretamente sobre o produtor, e somos nós os primeiros a acionar o Corpo de Bombeiros, a empregar recursos próprios para tentar conter o fogo e proteger vidas, lavouras, animais e estruturas.”

Segundo a associação, o setor de florestas plantadas já ultrapassou o complexo da soja em volume de exportações no estado, e a prevenção é parte essencial dessa consolidação econômica.

“Mais que uma campanha, um propósito”

Com o mote “Mais que uma campanha, é um propósito”, a edição de 2025 simboliza o amadurecimento institucional da iniciativa, que hoje integra materiais didáticos, panfletagens em rodovias, campanhas digitais, ações educativas nas escolas e a formação de brigadistas.

A comunicação é conduzida por Fábio Duarte, assessor de comunicação da Reflore, que apresentou números da última série histórica.

De acordo com Duarte, houve um aumento de 160% nos focos de calor em relação a 2023, mas, mesmo assim, a área total queimada foi menor que a registrada nos piores anos da década. “Isso mostra que a prevenção tem funcionado. Investimos em capacitação, na reação rápida e em campanhas constantes para que todos — do produtor ao cidadão comum — saibam o impacto que uma simples faísca pode causar”.

Assessor de Comunicação da Reflore-MS durante o evento – Foto: Divulgação/Portal RCN67

Governo e Famasul reconhecem papel da Reflore e cobram ampliação da cultura preventiva

O secretário-executivo de Desenvolvimento Econômico Sustentável, Rogério Beretta, reforçou que a parceria entre o setor público e privado é estratégica. “Há 13 anos isso era tratado com desconfiança. Hoje a gente entende que sem prevenção não há desenvolvimento. Evitar incêndios é evitar prejuízo ambiental, econômico e de imagem para o Estado”.

Já o diretor-tesoureiro da Famasul, Frederico Stella, celebrou o avanço da campanha e o engajamento dos produtores. “O prejuízo das queimadas é do produtor. É cerca, é plantação, é estrutura queimada. Ninguém tem interesse em queimar a própria propriedade. A campanha mostra que estamos na linha de frente da prevenção, como aliados do Estado e da sociedade”.

Jovens apostam na Jornada Florestal como ponte para o mercado

A Jornada Florestal, que ocorre junto à campanha, também ganhou destaque. O evento reúne alunos da UFMS e UEMS para três dias de imersão em áreas produtivas de empresas associadas à Reflore.

Durante a programação, eles aprendem na prática sobre prevenção de incêndios, manejo sustentável e as oportunidades do setor.

Os estudantes Pedro José Piernas e Arthur Bernardo, da UFMS, veem a jornada como oportunidade profissional e de formação. “Meus veteranos conseguiram emprego por causa da jornada. Aqui a gente aprende, faz networking, entende o mercado e vê que tem espaço para quem quer atuar nesse setor”, relatou Arthur.

Pedro complementa: “É um setor que só cresce. Mato Grosso do Sul é hoje o estado da celulose, e a gente precisa entender essa importância para saber onde podemos atuar e contribuir”.

Corpo de Bombeiros prepara estrutura para temporada crítica

O Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul também anunciou que já está em fase de preparação para o período seco. Segundo o subcomandante-geral da corporação, coronel Adriano Noleto Rampazo, 50 militares já foram mobilizados em ações preventivas, bases estão sendo reativadas, e há previsão de início da fase de resposta a partir de junho — com reforço da Força Nacional.

“Mesmo com as chuvas recentes, já temos alerta de nove períodos de seca. O Estado decretou emergência ambiental e temos um plano em andamento com capacitação de novos brigadistas, uso de drones, cursos 4×4 e reforço logístico”, detalhou.

Rampazo destacou ainda que o principal desafio está fora das áreas produtivas: “A maioria dos focos começa em beiras de estrada, margens de rio e entorno urbano. Às vezes é uma bituca de cigarro, um curto na rede elétrica ou uma queima doméstica. Por isso, campanhas como essa são fundamentais para que a sociedade entenda sua responsabilidade.”