Veículos de Comunicação

COLETA DE DNA

Campanha Nacional reacende esperança de famílias em busca de desaparecidos em MS

O material coletado é inserido no Banco Nacional de Perfis Genéticos

Coleta de DNA é realizada por meio da amostra de saliva (Foto: Karina Anunciato/ Massa FM)
Coleta de DNA é realizada por meio da amostra de saliva (Foto: Karina Anunciato/ Massa FM)

Entre 1º de janeiro e 1º de agosto deste ano, 295 pessoas desapareceram em Campo Grande. Desse total, 286 foram localizadas e nove continuam desaparecidas. Para as famílias que ainda esperam por respostas, a Campanha Nacional de Coleta de DNA de Familiares de Pessoas Desaparecidas surge como uma nova esperança.

Um desses casos é o de Antônio da Cunha, de 79 anos, visto pela última vez no dia 16 de fevereiro, no portão de casa, no bairro Cabreúva, em Campo Grande. Desde então, a família não teve mais notícias.

A esposa, dona Marlene Cunha, com quem é casada há 57 anos, relata a angústia de viver sem saber o paradeiro do companheiro. Seu Antônio sofreu dois acidentes no ano passado e, desde o último, passou a apresentar lapsos de memória devido a sequelas neurológicas.

“A gente não sabe se ele tá vivo ou morto. Ele tem os problemas dele, né? E eu não tenho notícia nenhuma. Ele precisa aparecer, de um jeito ou de outro. Já que era ele quem resolvia tudo. Sabe lá onde que tá, se tá comendo, dormindo…”, desabafa dona Marlene.

Nesta semana, dona Marlene e outras quatro famílias participaram da coleta de material genético em Campo Grande. A ação faz parte da campanha nacional que visa auxiliar na identificação de pessoas desaparecidas.

Segundo a diretora do Instituto de Análises Laboratoriais Forenses (IALF), Mirtes Prado da Silva, o procedimento é simples, indolor e seguro.

“A coleta é feita com um suabe, semelhante a um cotonete, passado no interior da bochecha para extrair células epiteliais, de onde é retirado o DNA”, explica.

O material coletado é inserido no Banco Nacional de Perfis Genéticos, onde pode ser cruzado com informações de outras pessoas desaparecidas em todo o país.

Mirtes destaca que, para garantir maior precisão nas comparações, o ideal é que o DNA seja coletado de parentes de primeiro grau — como pais, filhos e irmãos. Na ausência desses, outros familiares próximos, como tios e primos, também podem participar.

O delegado Rodolfo Daltro, titular da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), ressalta a importância do banco de dados.

“Esse material genético pode ajudar na identificação de pessoas hospitalizadas sem documentos ou até mesmo de corpos enterrados sem identificação. Uma vez que o DNA da família está cadastrado, é possível fazer esse cruzamento”, afirma.

Daltro também destaca a importância de registrar o desaparecimento o quanto antes.

“A família deve procurar qualquer delegacia de Mato Grosso do Sul para fazer o boletim de ocorrência. É essencial fornecer o máximo de informações para auxiliar o trabalho da polícia”, orienta.

Embora os casos como o de seu Antônio não tenham relação com vícios, o delegado lembra que cerca de 80% dos desaparecimentos estão ligados ao uso de álcool e drogas — pessoas que, para manter o vício, acabam se afastando do convívio familiar.