O superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Mato Grosso do Sul, João Paulo Pinheiro Bueno, afirmou nesta segunda-feira (14) que o avanço do desenvolvimento econômico do estado tem sido acompanhado por uma intensificação das atividades do crime organizado, especialmente no tráfico de drogas e contrabando.
A declaração foi feita durante entrevista ao programa Microfone Aberto, da Massa FM Campo Grande.
Segundo balanço apresentado pela PRF, somente no primeiro semestre de 2025 foram apreendidas mais de 144 toneladas de maconha e 8,3 toneladas de cocaína nas rodovias federais que cortam o estado.
O número de apreensões da droga refinada, segundo o superintendente, representa um recorde e já supera em mais de 50% os dados de todo o ano passado.
“Hoje a gente já está com 8,3 toneladas de cocaína apreendidas. Há 10 anos, esse número não passava de 4 toneladas no ano inteiro”, afirmou.
Além das drogas, o relatório aponta a apreensão de mais de 3 milhões de maços de cigarros contrabandeados e o crescimento das ações contra o tráfico de agrotóxicos ilegais — um crime que, segundo Bueno, representa ameaça à saúde pública e ao meio ambiente.
“Esses agrotóxicos não seguem as normas brasileiras e têm substâncias químicas altamente prejudiciais. Estamos falando de riscos para o lençol freático, o aquífero Guarani e a saúde humana”, alertou.
Acidentes mais letais
O superintendente também demonstrou preocupação com a violência no trânsito. De janeiro a junho deste ano, foram registrados 790 sinistros nas rodovias federais de Mato Grosso do Sul, com 73 mortes e 840 pessoas feridas. Apesar da leve redução na quantidade de acidentes, a gravidade dos casos aumentou.
“Os acidentes estão mais graves. Isso mostra que a infraestrutura das rodovias não acompanhou o desenvolvimento do estado”, destacou.
Efetivo insuficiente e aposta em tecnologia
Atualmente, a PRF conta com pouco mais de 620 policiais para fiscalizar mais de 4 mil quilômetros de rodovias federais em Mato Grosso do Sul. Para o superintendente, o número é insuficiente diante da complexidade e da extensão da malha viária.
“A conta não fecha. A gente precisa de mais policiais, sim. Mas também estamos investindo muito em tecnologia para compensar essa defasagem”, explicou.
Bueno citou a renovação da frota, a compra de novas carabinas, tasers e a ampliação do sistema de monitoramento como parte das ações de fortalecimento operacional. Ainda assim, enfatizou que, sem aumento de efetivo e investimentos constantes, será difícil sustentar os resultados obtidos até aqui.
“O policial rodoviário federal hoje é um servidor muito dedicado. Nosso desafio é garantir segurança viária e pública para que Mato Grosso do Sul continue crescendo de forma segura”, concluiu.
Confira a entrevista na íntegra: