Aos 21 e 17 anos, Pedro Henrique e João Victor formam uma das duplas mais promissoras da nova geração da música sertaneja. Naturais de Mato Grosso e atualmente radicados em Goiânia, os irmãos estiveram em Campo Grande nesta semana para um show e participaram de uma entrevista descontraída no estúdio da Massa FM Campo Grande, onde contaram detalhes sobre a trajetória musical, bastidores da carreira e a busca por uma identidade sonora única.
Apesar da pouca idade, a dupla carrega uma bagagem musical que começou cedo. Pedro Henrique relembra que aos 12 anos já se apresentava em barzinhos e, depois de uma frustração ao não passar em um programa de televisão, quase desistiu da música.
Foi o talento inesperado de João Victor, então com 9 anos, que reacendeu o projeto: ele surpreendeu ao cantar espontaneamente a segunda voz de uma moda antiga — gesto que selou o início da parceria.
Desde então, os irmãos passaram a publicar vídeos nas redes sociais, cantando covers de clássicos sertanejos. O reconhecimento veio em grande escala quando artistas renomados como Luan Santana, Bruno & Marrone, Jorge & Mateus e Zezé Di Camargo compartilharam as interpretações da dupla.
Foi a partir dessa repercussão que surgiu o convite para se mudarem para Goiânia, onde passaram a conviver com nomes que antes admiravam à distância.
As referências da dupla são múltiplas: da família materna, com forte tradição musical, às influências de Christian & Ralf, Victor & Leo, Jorge & Mateus e Leandro & Leonardo — este último, inclusive, citado como modelo de postura e sintonia entre irmãos.
Durante a entrevista, os músicos também falaram da relação com a dupla Júlia & Rafaela, hoje grandes amigas, e do impacto emocional que a estrada causa na família. “Minha mãe sofre. São só dois filhos e os dois estão longe, vivendo da música. Mas ela sabe que é o que a gente ama”, afirmou Pedro.
Em relação ao estilo musical, Pedro Henrique e João Victor explicaram que buscam fugir do óbvio. A nova fase da carreira traz influências que vão além do sertanejo: afrobeat, MPB, trap e até referências internacionais aparecem nas composições e arranjos.
A faixa “Na Calada da Noite”, por exemplo, tem batida inspirada no afrobeat e conquistou espaço no top 100 do Spotify Brasil.
A dupla revelou também que deixou o preconceito musical para trás ao longo da jornada. “A gente só escutava sertanejo. Hoje ouvimos de tudo: funk, rap, MPB. Tudo soma”, afirmou João.
Essa abertura criativa vem sendo fundamental para a consolidação de um som próprio, que, segundo eles, busca não apenas agradar ao público, mas também dizer algo com identidade.
Mesmo com o sucesso crescente, os planos seguem com os pés no chão. “Fazer um trabalho em inglês ou algo internacional? Talvez no futuro. Por enquanto, queremos conquistar o Brasil inteiro cantando o que a gente acredita”, disse Pedro.