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Atraso na colheita do milho pressiona exportações e pode derrubar preços no Brasil

Safra recorde enfrenta gargalos logísticos e concorrência internacional, reduzindo janela de competitividade do país no mercado externo

Faturamento com as exportações de milho soma mais de US$ 320 mi - Foto: Reprodução/ Aprosoja MS
Faturamento com as exportações de milho soma mais de US$ 320 mi - Foto: Reprodução/ Aprosoja MS

Apesar de alcançar 98% da área plantada, a colheita da segunda safra de milho no Brasil ainda está atrasada em relação ao ciclo anterior, o que pode comprometer a competitividade do país no mercado internacional. A janela mais favorável para exportações ocorre entre julho e setembro, e qualquer atraso reduz a oportunidade de aproveitar a demanda antes da entrada da safra norte-americana.

A produção nacional deve superar 130 milhões de toneladas em 2025, número que pode ser ainda maior, segundo estimativas de especialistas. Com oferta tão elevada, a demanda externa dificilmente absorverá todo o volume, elevando o risco de pressão sobre os preços internos. No mercado doméstico, o consumo segue robusto, impulsionado pela indústria de ração animal e pelo etanol de milho, que já utiliza cerca de 21 milhões de toneladas.

O cenário internacional também exige atenção. China, União Europeia, Japão, Coreia do Sul, Irã, Vietnã e Egito seguem como principais compradores, mas a concorrência com EUA e Argentina está mais intensa. Fatores geopolíticos e tarifários podem reduzir a demanda, o que torna necessário buscar novos mercados e fortalecer parcerias existentes.

A variação cambial e o clima global são determinantes para a competitividade do milho brasileiro. Um câmbio desfavorável ou safras volumosas em outros países pode reduzir o espaço para exportações, enquanto um real desvalorizado aumenta a atratividade do produto no exterior.

Além disso, gargalos logísticos internos limitam o escoamento. A capacidade de armazenagem no Brasil é inferior à de países concorrentes, e a dependência da malha rodoviária eleva custos e reduz a fluidez nos embarques. Estratégias de gestão de risco, como fracionamento de vendas e proteção de preços, são apontadas como essenciais para garantir segurança na comercialização do grão.