Formado sobre a base da pecuária e da soja, Mato Grosso do Sul construiu, desde 1977, uma economia sólida voltada ao agronegócio. Quase cinco décadas depois, o Estado exibe um cenário de transição, com expansão da agroindústria, fortalecimento do setor florestal, avanço da bioenergia e crescimento dos serviços, consolidando-se como um dos polos de maior desenvolvimento do país.
Segundo projeções da consultoria Tendências, Mato Grosso do Sul deve liderar o PIB nacional em 2025, com alta de 4,4%, à frente de Mato Grosso (3,7%). O resultado é reflexo de investimentos em infraestrutura, diversificação produtiva e políticas de sustentabilidade. Em 2024, o Estado foi o 6º em taxa de investimentos no país e o 2º no Centro-Oeste, de acordo com o Ranking de Competitividade dos Estados.
O economista Aldo Barrigosse avalia que o desempenho de Mato Grosso do Sul é resultado de um “tripé econômico sólido”, formado pelo agronegócio tradicional, a chegada de grandes investimentos industriais — como o setor de celulose — e a diversificação produtiva.
“Até pouco tempo atrás o Estado era marcado pelo binômio soja e boi. Hoje temos a bioenergia, o etanol de milho, a citricultura e novas indústrias que ampliam a geração de renda e emprego”, explica.
O modelo de desenvolvimento alia produção e preservação. O setor florestal, com milhões de hectares de eucalipto, abastece indústrias de celulose e papel — que já representam 29,2% das exportações estaduais. Além disso, impulsiona a recuperação de áreas degradadas e a integração entre cadeias produtivas.
Para Barrigosse, o desafio é crescer mantendo o equilíbrio ambiental. “O futuro do agro em Mato Grosso do Sul depende da integração e da inovação. A pecuária, a lavoura e a floresta podem coexistir de forma inteligente, gerando produtividade, menor emissão de carbono e maior competitividade”, afirmou.
Cresciemento econômico rumo à neutralidade de carbono
Além da diversificação, o Estado aposta na sustentabilidade como diferencial competitivo, com o programa Carbono Neutro, lançado em 2020.
Para o economista Hudson Garcia, esse equilíbrio é um diferencial competitivo. Segundo ele, o programa “coloca o Estado na vanguarda da economia verde, promovendo ações estruturadas em energia limpa, transporte, manejo de resíduos e agropecuária sustentável”.
O programa – que antecipa a meta nacional de reduzir a emissão de gás carbono dos estados até 2060 – estipulou a data a prevê a redução de 20% das emissões líquidas até 2030, em comparação aos níveis de 2005, e já apresenta resultados, como a recuperação de 25 mil hectares de áreas degradadas.
O secretário de Meio Ambiente (Semadesc), Jaime Verruck, destaca que o governo trabalha com uma visão integrada.
“Fizemos um planejamento de longo prazo até 2030, quando o Estado busca ter uma sustentabilidade certificada. A partir disso, passamos a entender quais ações o governo pode realizar em infraestrutura, meio ambiente, comunidades tradicionais, saúde e educação”, afirmou.
Com metas ambientais definidas e indicadores econômicos em alta, Mato Grosso do Sul concentra esforços para ampliar sua competitividade e cumprir o compromisso de neutralizar as emissões de carbono até 2030 e se manter como potência econômica.
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