Mato Grosso do Sul deve ter pico da colheita do milho segunda safra na segunda metade de julho. Até o dia 4 de julho, apenas 10,2% da área estimada havia sido colhida no estado, segundo dados do Projeto SIGA-MS, da Aprosoja/MS. A expectativa é que os trabalhos sigam até o fim de agosto.
A região centro lidera o avanço com 12,5% da área colhida, seguida pela região sul com 10,8% e norte com 1,67%. Ao todo, cerca de 214 mil hectares já foram colhidos. A principal dificuldade relatada pelos produtores está na elevada umidade dos grãos, que exige mais tempo de secagem natural no campo, além da limitação na oferta de caminhões para transporte, especialmente na região central.
De acordo com o coordenador técnico da Aprosoja/MS, Gabriel Balta, o produtor prefere adiar a colheita para evitar o custo da secagem artificial, sobretudo em momentos em que o preço pago pelo grão não compensa o investimento. Além disso, a falta pontual de caminhões tem atrasado os trabalhos, situação que deve ser normalizada com a chegada do pico da colheita.
Em Chapadão do Sul, por exemplo, a colheita deve começar mais tarde. O produtor rural e diretor da Aprosoja/MS, Pompílio Silva, explica que o atraso começou ainda no plantio da soja, no fim de 2024. “Entramos com o plantio da soja com cerca de 10 dias de atraso, o que impactou no calendário da colheita do milho, que este ano foi plantado mais tarde e, por isso, está sendo colhido depois”, explica.
Na avaliação econômica, o analista da Aprosoja/MS, Mateus Fernandes, destaca que o aumento da oferta no mercado já pressiona os preços do milho. A queda do dólar também influencia na formação dos valores. “Apesar da pressão, as condições de mercado neste ano são melhores que em 2024. O problema é o déficit de armazenagem, que pode afetar diretamente os lucros. Quem conseguir guardar o milho para vender em melhores condições, deve ter vantagem”, afirmou.
Panorama nacional
Em nível nacional, a colheita do milho chegou a 41,7% até o último domingo (12), segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O índice é maior que o da semana anterior, mas está abaixo da média histórica das últimas cinco safras, de 51,1%, e distante dos 74,2% registrados em 2024 no mesmo período.
O Mato Grosso lidera o avanço no país, com 71,6% da área colhida, seguido por Tocantins (56,6%), Maranhão (46,2%) e Piauí (37,6%). Em Mato Grosso do Sul, o índice calculado pela Conab é de 21,6%, número um pouco acima do apurado pela Aprosoja/MS, mas ainda considerado baixo.
A colheita em várias regiões tem sido favorecida pelo clima seco, embora a umidade dos grãos ainda atrase os trabalhos em estados como o Paraná e o próprio Mato Grosso do Sul. Em São Paulo, algumas lavouras foram atingidas por geadas, mas os impactos na produtividade ainda não foram mensurados.