No dia 20 de agosto, produtores e técnicos participaram do Dia de Campo de Trigo, realizado pela Embrapa Agropecuária Oeste em parceria com a Cooperalfa, em Dourados. O encontro reuniu dados de mercado e resultados de pesquisas que mostram os desafios e oportunidades para ampliar a produção do cereal em Mato Grosso do Sul e no Cerrado.
O chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa, Auro Akio Otsubo, lembrou que o trigo já teve grande relevância no estado, chegando a ocupar cerca de 400 mil hectares na década de 1980. Hoje, a área plantada é de aproximadamente 40 mil hectares. Para ele, o desafio atual é retomar espaço no sistema produtivo, integrando o trigo a outras culturas, como a soja e o milho.
Pesquisas da Embrapa mostram que, além de gerar renda, o trigo traz benefícios ambientais e produtivos, como a melhoria do solo, a ciclagem de nutrientes e a redução de plantas daninhas. Segundo o engenheiro agrônomo Luan Pivatto, propriedades já registram aumento de até 20% na produtividade da soja cultivada após o trigo.
O analista Bruno Lemos, da Embrapa Trigo, lembrou que a instituição desenvolveu o programa de trigo tropical, com cultivares mais resistentes ao calor, à seca e a doenças como a brusone. Ele reforçou, porém, a importância de respeitar a janela de plantio em cada região, que em Mato Grosso do Sul vai do fim de abril ao início de maio.
Resultados de experimentos também indicam o potencial produtivo da cultura no estado. Entre 2022 e 2024, a produtividade variou de 29 a 88 sacas por hectare em diferentes condições climáticas. Hoje, a média estadual é de 3 mil quilos por hectare, mas cultivares testadas chegam a 5 mil quilos. Para os pesquisadores, há espaço para ampliar o cultivo sem substituir o milho, aproveitando de 0,5% a 1% da área já usada para o grão.
*Com informações da Embrapa Agropecuária Oeste