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AGRO É MASSA

Uso inadequado de crotalária ameaça pecuária e exportações

Planta benéfica ao solo pode contaminar grãos e causar intoxicação animal quando mal manejada

Planta é considerada benéfica ao solo, mas quando mal manejada, pode se tornar um perigo - Foto: Divulgação
Planta é considerada benéfica ao solo, mas quando mal manejada, pode se tornar um perigo - Foto: Divulgação

Presente em diversas lavouras brasileiras como adubo verde, a crotalária tem despertado preocupação de especialistas devido aos impactos causados quando mal manejada. Utilizada para melhorar a qualidade do solo, a planta da família das leguminosas carrega alcaloides tóxicos que, mesmo em pequenas quantidades, podem provocar a morte de animais, especialmente bovinos e equinos.

Segundo o pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Rodrigo Gomes, o uso crescente da crotalária em consórcio com culturas como milho tem favorecido a contaminação de grãos com sementes ou partes da planta.

O risco maior está na entrada desse material nos estoques destinados à produção de ração animal. “A contaminação pode ocorrer tanto no momento da colheita quanto no armazenamento dos grãos”, explica o pesquisador. Em casos recentes, o consumo acidental resultou na morte de equinos.

Gomes destaca que, embora a crotalária não seja atrativa ao gado por seu sabor amargo, a ingestão pode ocorrer quando há alta densidade da planta nas áreas de pastagem. O risco também se estende aos resíduos de varredura e secagem de milho, cada vez mais utilizados como alternativa de alimentação por causa do custo mais baixo.

Para reduzir os riscos, a recomendação é que produtores rurais façam inspeções visuais nos grãos e fiquem atentos à origem dos alimentos comprados. A semente da crotalária é pequena e escura, o que facilita a identificação. “É fundamental conhecer os fornecedores e inspecionar cuidadosamente o que se está comprando”, orienta.

Casos de intoxicação por crotalária têm sido registrados em diferentes regiões do Brasil, como Mato Grosso, Goiás e Rio Grande do Sul. Embora já ocorram há mais de uma década, os episódios recentes ganharam destaque por envolverem grande número de animais afetados. Segundo Gomes, a atenção ao problema tem aumentado, mas ainda há possibilidade de subnotificações.

Apesar dos riscos, o uso da crotalária continua sendo considerado seguro quando bem conduzido. O manejo correto da planta, associado à separação dos grãos na colheita e ao controle dos resíduos, é essencial para manter a qualidade do solo sem comprometer a segurança da cadeia produtiva.

Confira a entrevista completa no Agro é Massa desta terça-feira (5):