Durante entrevista ao programa Tarde da Massa, da Massa FM Campo Grande, o superintendente estadual do Ministério da Saúde, Ronaldo de Souza Costa, comentou a situação financeira da Santa Casa de Campo Grande e afirmou que o problema enfrentado pela instituição “não é uma crise financeira, é uma crise de gestão”.
Segundo o superintendente, o hospital não recebe pela tabela SUS, mas por contratualização direta com o sistema público. Ele explicou que a Santa Casa recebe mais de R$ 34 milhões por mês, o que representa cerca de R$ 400 milhões por ano em repasses.
“Nunca mais digam que o problema da Santa Casa é a tabela SUS. A Santa Casa recebe por contratualização do complexo todo hospitalar. Se fosse por tabela, jamais receberia um montante de mais de 34 milhões por mês. A crise da Santa Casa não é uma crise financeira, é uma crise de gestão”, declarou.
Ronaldo de Souza afirmou que o município deve realizar uma auditoria para identificar as causas da crise e garantir transparência na aplicação dos recursos.
“Quando se anuncia uma crise, a primeira coisa que o gestor tem que fazer é uma auditoria para verificar a qualidade dessa crise. O atendimento não pode parar”, afirmou.
O superintendente também destacou que o Ministério da Saúde tem investido em estrutura hospitalar no Estado. Entre os exemplos citados estão a reforma da Santa Casa, a construção do Hospital do Trauma e a conclusão da obra de radioterapia e bracterapia do Hospital Regional, prevista para ser entregue em janeiro de 2026.
Alternativas e novos programas
Ronaldo sugeriu que a Santa Casa aderir ao programa federal “Agora Tem Especialistas”, que oferece valores diferenciados para unidades que ampliam a oferta de serviços à população.
“A Santa Casa pode fazer uma opção para aumentar a receita junto ao Ministério da Saúde. Se tornar 100% SUS garante verba suplementar, e ao aderir ao programa, os procedimentos passam a ser pagos com valor diferenciado”, explicou.
O superintendente também comentou o funcionamento da carreta da Saúde da Mulher, que integra o mesmo programa federal e realiza mamografias e exames preventivos em Campo Grande. A unidade móvel, montada em parceria com o Hospital do Amor, faz 60 atendimentos por dia e deve percorrer as regiões com menor acesso a serviços especializados.
“O atendimento é feito por agendamento nas unidades básicas de saúde. A mulher faz o exame, e se for identificado algum problema, já recebe o diagnóstico e o encaminhamento para o tratamento. Isso é o que chamamos de oferta de cuidado integrado”, explicou.
Expansão e interiorização dos serviços
Ronaldo informou ainda que o Hospital Universitário da Grande Dourados ampliou o serviço de ginecologia e obstetrícia, e que o Hospital do Câncer de Campo Grande recebeu um mamógrafo digital de última geração, adquirido com recursos federais.
A carreta da Saúde da Mulher ficará 30 dias em Campo Grande e depois seguirá para outras regiões do Estado, incluindo o Pantanal, Baixo Pantanal, Sul e Leste, com foco no atendimento a populações indígenas, assentados e municípios pequenos.
“Nós vamos percorrer o Estado inteiro, atendendo as regiões mais remotas e garantindo o diagnóstico precoce de câncer de colo de útero e de mama”, concluiu o superintendente.
Confira a entrevista na íntegra: