A Receita Federal deflagrou nesta quinta-feira (16) a Operação Alquimia, uma ação nacional que busca rastrear a origem do metanol usado ilegalmente na produção de bebidas alcoólicas adulteradas. Mato Grosso do Sul está entre os cinco estados com empresas alvo da investigação, ao lado de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso.
A operação ocorre após o aumento de casos de intoxicação por metanol em várias regiões do país. Segundo a Receita, o objetivo é coletar amostras químicas para identificar a procedência da substância e compará-las com as encontradas em bebidas falsificadas apreendidas.
Investigação em Mato Grosso do Sul
Em Mato Grosso do Sul, as ações se concentram em Campo Grande, Dourados e Caarapó, onde equipes da Receita Federal, Polícia Federal, Agência Nacional do Petróleo (ANP) e Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) fazem coletas e verificações em empresas do setor sucroalcooleiro e distribuidoras de metanol.
A Operação Alquimia é um desdobramento das operações Boyle e Carbono Oculto, que revelaram esquemas de adulteração de combustíveis com metanol. As investigações apontam que o produto — altamente tóxico — estaria sendo desviado para fábricas clandestinas de bebidas, o que representa grave risco à saúde pública.
Segundo a Receita, as empresas investigadas incluem importadores, destilarias, terminais marítimos e usinas que movimentam grandes volumes da substância. Há indícios de fraudes fiscais e documentais, com notas frias e transporte de cargas inexistentes.
Riscos à Saúde e Impacto Econômico
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o metanol é extremamente perigoso: em bebidas, deve estar presente em níveis inferiores a 0,1%. Acima disso, pode causar cegueira, intoxicação severa e até morte.
Além do risco à saúde, o impacto econômico é bilionário. O Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP) estima que o setor de bebidas alcoólicas perca cerca de R$ 85 bilhões por ano com falsificações, contrabando e produção ilegal.
A Receita Federal destacou que as coletas continuam nos próximos dias e que o material recolhido passará por análise laboratorial para identificar as rotas do metanol usado de forma irregular.