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MEIO AMBIENTE

Pantanal é o bioma brasileiro que mais queimou proporcionalmente nas últimas quatro décadas

Entre 1985 e 2024, 62% da superfície do bioma foi atingida pelo fogo ao menos uma vez

Entre 1985 e 2024, 62% da superfície do bioma foi atingida pelo fogo ao menos uma vez - Foto: Reprodução/Governo de MS
Entre 1985 e 2024, 62% da superfície do bioma foi atingida pelo fogo ao menos uma vez - Foto: Reprodução/Governo de MS

Com 62% da sua superfície queimada pelo menos uma vez entre 1985 e 2024, o Pantanal é o bioma brasileiro que mais sofreu com o fogo proporcionalmente nas últimas quatro décadas.

Os dados são do Relatório Anual do Fogo, divulgado nesta terça feira (24) pela iniciativa MapBiomas, que analisou imagens de satélite e dados oficiais de todo o território nacional.

A recorrência também impressiona: 72% da área queimada no bioma ardeu duas vezes ou mais ao longo do período analisado. O uso repetido do fogo, segundo os pesquisadores, tem impacto direto sobre a biodiversidade e a capacidade de recuperação da vegetação nativa.

Segundo o relatório, o Pantanal é o bioma mais sensível ao fogo e aquele onde se observa a maior proporção de queimadas em vegetação nativa. A situação ambiental é considerada preocupante, principalmente em função da estiagem prolongada e das mudanças climáticas.

Ao longo das quatro décadas de análise, 93% da área queimada no Pantanal foi registrada em vegetação nativa. Entre os tipos mais atingidos estão as formações campestres, os campos alagados e as florestas estacionais.

Esses ecossistemas, típicos da região, possuem alta vulnerabilidade ao fogo, o que intensifica os efeitos das queimadas sobre a fauna e a flora.

Durante coletiva de imprensa, o coordenador de mapeamento do bioma Pantanal no MapBiomas, Eduardo Rosa, Eduardo Rosa, alertou para os impactos das queimadas nas áreas menos adaptadas ao fogo.

“A gente tem áreas sendo atingidas no entorno do rio Paraguai, que são de floresta e savana, menos adaptadas ao fogo”, afirmou. Segundo ele, a reincidência das queimadas nessas regiões pode comprometer o fornecimento de alimento para a fauna e afetar comunidades que dependem da biodiversidade local.

Eduardo também comentou a relação entre o agronegócio e o uso do fogo no bioma. “Os campos naturais do Pantanal são pastejáveis e o manejo do fogo também está nessas áreas, para renovação da pastagem”, explicou.

Ele destacou que o uso controlado do fogo, em épocas adequadas, pode ajudar a reduzir a biomassa e o risco de grandes incêndios durante os períodos mais secos.

As chamadas “cicatrizes de fogo” — áreas visivelmente afetadas por queimadas, detectadas por satélite — são, em sua maioria, de médio a grande porte. O Pantanal é também o bioma com maior número de megaincêndios, com cicatrizes superiores a 100 mil hectares, que se repetem ao longo dos anos.

O Relatório Anual do Fogo apresenta dados consolidados da Coleção 4 do MapBiomas Fogo, que cobre o período de 1985 a 2024, e integra informações de todos os biomas, estados e municípios brasileiros.

No recorte estadual, Mato Grosso do Sul teve a oitava maior área queimada acumulada do país entre 1985 e 2024, com 10.450.354 hectares afetados pelas chamas. O volume representa 5% de toda a área queimada no Brasil no período.