A Polícia Federal divulgou nessa quinta-feira (20), o balanço da operação “La Casa de Papel” que desarticulou uma organização criminosa responsável por manter um esquema de pirâmide financeira transnacional em mais de 80 países. Conforme a PF, o esquema foi descoberto após duas pessoas que seguiam para a fronteira com o Paraguai serem flagradas em Dourados com US$ 100 mil em esmeraldas sem origem legal em agosto de 2021.
Durante a ação foram apreendidos 16 automóveis de luxo, além um reboque, uma lancha e um Jet Sky, 100 cabeças de gado, 75 ovelhas, 268 kg de pedras verdes que se assemelham a esmeraldas, R$ 21 mil, US$ 9,2 mil dólares, 1,2 mil euros, US$ 250 mil dólares americanos em cripto ativos, joias, relógios e canetas.
A PF também apreendeu documentos, celulares, computadores e equipamentos eletrônicos. Também foi decretado o sequestro de diversos bens como imóveis em São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás.
Esquema
De acordo com as investigações, o grupo praticava crimes contra o sistema financeiro nacional, evasão de divisas, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, usurpação de bens públicos, crime ambiental e estelionato.
Segundo a PF, o esquema de pirâmide financeira captou recursos de mais de 1,3 milhão de pessoas, em cerca de 80 países. Estima-se que o prejuízo aos investidores seja de R$ 4,1 bilhões, cujas operações teriam se iniciado em 2019.
Os investigados faziam o uso massivamente de redes sociais em que ostentavam o sucesso pessoal e eram seguidos por milhares de pessoas, além de marketing, reuniões por diversos estados e países, centenas de “team leaders” arregimentados, além da estrutura e apoio de uma entidade religiosa que pertencia a um deles.
Essa estrutura servia para captar recursos e gerir uma empresa que oferecia pacotes de investimentos/aportes financeiros que partiam de 15 até 100 mil dólares, com promessa de ganhos diários em percentuais altíssimos, que poderiam chegar a até 20% ao mês e mais de 300% ao ano, através de transações no mercado de criptoativos.
Em caso de condenação pelos crimes investigados, a PF calcula que as penas máximas somadas podem chegar a 41 anos de prisão.
“La Casa de Papel”
Segundo a PF, a operação tem esse nome porque alguns dos investigados possuem nacionalidade espanhola e, artificiosamente, colocaram em prática um plano para montar uma bilionária pirâmide financeira, com o seu próprio banco e a sua própria “casa da moeda”, fabricando dinheiro através de criptoativos próprios sem qualquer lastro financeiro e se apropriando de dezenas de milhões de dólares em seu benefício.