O pre-listing do sorgo foi reconhecido pela China. Isso permitirá que o Brasil indique as cerealistas interessadas em exportar ao mercado chinês, conforme declarado pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, na sexta-feira. Pela regra, a habilitação sanitária das indústrias passará a ser feita pelas autoridades do país exportador. No caso brasileiro, o MAPA, seguindo as exigências definidas pelo país importador.
Na prática, empresas cadastradas no sistema de inspeção sanitária do Ministério da Agricultura e aderentes aos requisitos chineses estarão aptas a vender sorgo para a China. O avanço foi apresentado como parte de um entendimento concluído “na última semana”. Este avanço tem sido tratado como um passo que desburocratiza a etapa final de habilitação. O processo desloca a validação para a autoridade brasileira, mantendo-se o cumprimento integral das normas do comprador.
Vantagens do Sorgo para Produtores e Pecuária
Além do canal regulatório, o conteúdo do programa ressaltou por que o sorgo vem ganhando espaço na rotina do produtor. A cultura é vista como de manejo mais simples para o pecuarista quando comparada ao milho. Além disso, oferece resiliência maior a estiagem e geadas. E, serve de alternativa tática quando a janela do milho é perdida. Em cenários de seca no inverno e de limitação de pastagens, o sorgo tem sido adotado para compor a dieta dos rebanhos. Desta forma, atenua a pressão sobre o pasto.
Outro vetor de demanda foi citado: o impulso da bioenergia. Grandes grupos de produção de etanol à base de cereais — historicamente focados em milho — têm incentivado o sorgo. Este pode ser direcionado ao processamento industrial conforme a estratégia de mix. A integração grãos-biocombustíveis foi apontada como oportunidade para diversificar matéria-prima. Além disso, reduz a exposição a oscilações de uma única cultura.
Impacto do Pre-Listing do Sorgo
Com o pre-listing do sorgo, o horizonte se amplia para cerealistas e produtores. A habilitação tende a ser mais célere desde que cumpridas as regras chinesas. Assim, a base de compradores pode ser expandida. A receita pode ser diversificada entre mercado interno, bioenergia e exportação. Para estados com forte base agro, o efeito deverá ser sentido na organização de contratos, na padronização de lotes, e no calendário de colheita. Tudo isso, alinhando requisitos sanitários e logísticos às demandas do novo destino.
No curto prazo, o setor deverá concentrar esforços em três frentes: (1) regular o cadastro e as evidências de conformidade no sistema do MAPA; (2) adequar procedimentos de armazenagem, limpeza e segregação de grãos para atender especificações do importador; e (3) planejar fluxos logísticos e comerciais para atender janelas de embarque. A projeção é de que a combinação entre uso pecuário, bioenergia e exportação fortaleça o sorgo. Esta alternativa técnica e econômica está se mostrando viável na entressafra do milho.
