Sete macacos-prego (Sapajus cay) reabilitados no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) ganharam liberdade nesta semana (14 a 16 de outubro). A nova casa dos animais será a Fazenda Santa Sofia, em Aquidauana, região do Pantanal. A ação integra o programa de reintrodução de fauna silvestre e marca mais uma etapa do trabalho de recuperação e monitoramento de espécies nativas.
Os animais foram reabilitados no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), onde passaram por acompanhamento de biólogos e veterinários. No local, aprenderam novamente a buscar alimentos, reconhecer sons da floresta e conviver em grupo — em ambiente controlado que simula o habitat natural.
A soltura ocorreu no período pós-seca, quando há maior oferta de frutos e alimentos. Segundo Aline Duarte, gestora do CRAS, essa escolha aumenta as chances de adaptação.
“O processo de reabilitação é feito de forma gradual, para minimizar o estresse e garantir que os animais estejam aptos a retomar seus comportamentos naturais”, explica.
O trabalho contou com apoio do Refúgio Santa Sofia, onde funciona o Projeto Onçafari, parceiro em ações de conservação e pesquisa na região pantaneira.
Após a liberação, os macacos receberam colares de rastreamento por GPS. O monitoramento permite acompanhar deslocamentos, formação de grupos e padrões de alimentação.
“Esses dados ajudam a entender como os animais se comportam no retorno à natureza e a aprimorar os protocolos de reabilitação”, afirma a bióloga Márcia Delmondes, do CRAS.
Antes da soltura, os primatas passaram por avaliações clínicas e laboratoriais completas, com resultados negativos para doenças como Anaplasma sp., Babesia sp., Clostridium perfringens e Leptospira sp. O processo contou com suporte do Hospital Ayty, unidade do Imasul equipada com centro cirúrgico, raio-X e laboratório para atendimento da fauna silvestre.
Os sete macacos têm origens diversas: foram resgatados, apreendidos ou entregues voluntariamente. Alguns chegaram debilitados ou acostumados ao contato humano e precisaram de meses de readaptação. Outros, vindos do cativeiro, tiveram de reaprender a viver em grupo.
A médica-veterinária Jordana Toqueto, do CRAS, destaca que o uso de tecnologia é essencial para o acompanhamento.
“Com os dados do GPS, conseguimos verificar se o grupo está se alimentando bem e mantendo o comportamento natural. Isso garante um retorno mais seguro ao ambiente silvestre”, explica.
Para o diretor-presidente do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), André Borges, a iniciativa reforça o compromisso do Estado com a preservação da fauna pantaneira.
“O CRAS e o Hospital Ayty são exemplos de política pública consolidada. O uso de tecnologia e pesquisa científica fortalece a proteção da biodiversidade e amplia o conhecimento sobre as espécies do Pantanal”, afirma.
Mantido pelo Governo de Mato Grosso do Sul, o CRAS é referência nacional no acolhimento, tratamento e reintrodução de animais silvestres. O centro recebe animais de resgates, apreensões e entregas voluntárias em todo o Estado.