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EM CAARAPÓ

Confronto entre PM e indígenas tem armas apreendias e onze feridos

Confronto aconteceu na última sexta-feira (17), em Caarapó / Foto: Reprodução
Confronto aconteceu na última sexta-feira (17), em Caarapó / Foto: Reprodução

Na manhã da sexta-feira (17/10), a Polícia Militar de Mato Grosso do Sul informou que foi acionada para “restaurar a ordem pública” na Fazenda Ipuitã, em Caarapó, há 53 km de Dourados, após denúncia de ocupação armada de indígenas que estariam impedindo o acesso de funcionários à propriedade. Na ação foram apreendidas duas armas de fogo que estariam em poder do grupo indígena.

De acordo com nota divulgada pela PM, no decorrer da operação “um grupo de indígenas investiu contra as guarnições, danificando diversas viaturas”. Para conter os ataques e preservar a integridade dos envolvidos, agentes utilizaram meios não letais, como agentes químicos e projéteis de elastômero (balas de borracha).

Por outro lado, representantes da comunidade Guarani-Kaiowá relatam que ao menos 11 indígenas ficaram feridos, entre eles Valdelice Veron, considerada uma das principais representantes da etnia em Mato Grosso do Sul. Os ferimentos ocorreram após serem atingidos por tiros de balas de borracha enquanto defendiam a retomada da área conhecida como Terra Indígena Guyraroká. Conforme o relato, parte dos disparos teria partido de equipes da Tropa de Choque que escoltavam tratores da fazenda, segundo organizações como o Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

Disputa de terras e o conflito

A área da disputa está sobreposta à TI Guyraroká, identificada e delimitada em 2011 com cerca de 11.401 hectares. No entanto, segundo os indígenas, eles ocupam atualmente cerca de 50 hectares da área, e o processo de demarcação segue em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF). A comunidade afirma que retomou a área em 21 de setembro para impedir a pulverização de agrotóxicos sobre suas casas e cultivos, e desde então bloqueia uma estrada vicinal que corta a região.

Em nota, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) informou que acompanha a situação por meio do Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Fundiários Indígenas (DEMED), em parceria com a Fundação Nacional do Índio (Funai), e repudia “qualquer ato de violência contra os indígenas”.

O conflito teve início no dia 21 de setembro, porém, no dia seguinte (22), uma Tropa de Choque da Polícia Militar chegou a remover o grupo do local. Mesmo assim, cerca de 60 indígenas retornaram no dia 24 de setembro e permanecem desde então. A ocupação do imóvel resultou em acusações graves de ambas as partes, desde destruição de patrimônio até sequestro.