Dourados se tornou, neste sábado (9), a primeira cidade do Brasil a contar com um Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) Indígena. A base, instalada anexa ao Hospital Porta da Esperança, da Missão Evangélica Caiuá, na Reserva Indígena de Dourados, a maior reserva urbana do país.
A solenidade de inauguração reuniu lideranças indígenas Guarani, Kaiowá e Terena, além de representantes do governo federal, como o secretário da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), Weibe Tapeba, que representou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Também participaram autoridades locais e estaduais, que ressaltaram a importância da nova estrutura para agilizar o socorro e salvar vidas.
O Samu Indígena de Dourados conta com 14 profissionais, entre motoristas, técnicos de enfermagem e enfermeiros, muitos deles moradores da própria reserva. O serviço será acionado pelo telefone 192, como no modelo convencional, e terá estrutura adaptada para atender as necessidades específicas da comunidade.
Durante o evento, lideranças indígenas retomaram a preocupação com o futuro do Hospital Indígena Porta da Esperança, que corre risco de fechar as portas em outubro por falta de recursos. Conforme noticiado anteriormente pelo Portal RCN67, o presidente da Missão Evangélica Caiuá, Paulo César de Souza, afira que a unidade enfrenta um déficit financeiro mensal de R$ 200.000,00 e acumula uma dívida de R$ 4 milhões.
Hospital Indígena Porta da Esperança em Risco
Em entrevista exclusiva ao RCN67, Paulo César relatou omissão da parte do governo e prefeitura. “Fechar um hospital é fácil. Reabrir é quase impossível. Quando o poder público se omite, não é apenas a porta de um hospital que se fecha, é a porta do cuidado, da dignidade e do direito à saúde de milhares de cidadãos brasileiros”, alertou o dirigente.
Apesar das falas, representantes da prefeitura de Dourados e do governo do Estado não comentaram o caso. Mas todos os discursos foram unanimes em falar da união de esforços em prol da saúde indígena.
Demandas Indígenas e Ações Governamentais
Além da saúde outros assuntos também foram abordados, como a falta de água na Aldeia e a segurança, como ressaltou Weibe Tapeba.
“Nós estamos aqui no Dia Internacional dos Povos Indígenas, e quero dizer de forma pública que o Mato Grosso do Sul precisa respeitar mais os seus povos originários, os povos indígenas que habitam este estado, que é o estado que mais mata lideranças indígenas, que faz a luta pela defesa de seus territórios que foram ocupados, invadidos e que precisa garantir o acesso à terra para que as políticas públicas consigam alcançar esses territórios. E nós estamos aqui fazendo um caminho inverso na junção de esforço do estado, dos municípios, especialmente do governo federal, fazendo a promoção da defesa desses direitos”, disse.