O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, avaliou nesta terça-feira (5), sem citar números, que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deverá ser "forte e sustentável" nos próximos anos.
Segundo ele, essa seria uma "vocação" da economia brasileira, mas somente no "médio prazo". Tombini participa de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal.
No segundo trimestre de 2011, observou o presidente do BC, a tendência ainda é de desaceleração frente aos três meses anteriores, quando foi registrada uma expansão de 1,3%. Segundo Tombini, o crescimento da economia brasileira está "convergindo" para um ritmo sustentável no longo prazo. Para ele, o crescimento continuará gerando crescimento da classe média brasileira.
A autoridade monetária informou recentemente que a sua estimativa para o crescimento da economia, em 2011, permaneceu estável em 4%, em linha com a previsão dos analistas do mercado financeiro, mas abaixo dos 4,5% de expansão estimados pelo Ministério da Fazenda. Para os próximos anos, o BC ainda não divulgou sua previsão de crescimento do PIB.
Ele lembrou que há oportunidades de investimento na exploração da camada pré-sal, na ampliação e modernização da infraestrutura do país, além das obras para a Copa do Mundo de 2014 e para as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro.
Inflação em queda
Tombini também analisou que a inflação, após crescimento no fim de 2010 e início de 2011 por conta da alta dos preços das "commodities" (produtos básicos com cotação internacional, como minério de ferro, alimentos e petróleo, entre outros), dos transportes e dos serviços, começa a recuar.
Ele lembrou que o mecado financeiro estima um IPCA, pela média mensal, de 0,33% ao mês entre junho e dezembro deste ano. Entre setembro de 2010 e abril de 2011, informou Tombini, a média mensal da inflação estava em 0,73%.
O BC calibra sua política para a taxa básica de juros, que já subiu em quatro oportunidades neste ano, para 12,25% ao ano, para atingir metas de inflação pré-determinadas. Para 2011, 2012 e 2013, a meta central é de 4,5%, com base no IPCA, mas pode oscilar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida – por conta do intervalo de tolerância existente. Para Tombini, a tendência dos juros, no médio prazo, é de queda em relação ao praticado nos últimos anos.
O presidente do BC observou que, pela média mensal, a meta anual de 4,5% equivale a uma inflação de 0,37%. Deste modo, a média prevista pelo mercado, entre junho e dezembro de 2011, está abaixo da trajetória da metas, disse Tombini. Entretanto, devido à alta dos preços no começo de 2011, a autoridade monetária prevê um IPCA de 5,8% para este ano e de 4,8% para 2012.
Crédito em desaceleração
Apesar dos números do BC ainda mostrarem um crescimento acima de 20% em doze meses até maio, acima do que o próprio Tombini considera "adequado", ele afirmou que o crescimento começa a arrefecer em consequência das medidas já adotadas pelo governo (aumento do compulsório, da exigência de capital por parte dos bancos e as subidas de juros efetuadas pelo BC).
"O mercado tinha rápida expansão no crédito ao consumo, com alongamento de prazo. Acima da vida útil das garantias. Isso gerava riscos e houve resposta de política a esse desafio. Na inadimplência entre 15 e 90 dias, que á um indicador antecedente [da inadimplência acima de 90 dias – indicador utilizado pelo BC para aferição], já estamos vendo um certo recuo. O que indica que, mais para frente, a inadimplência acima de 90 dias vai começar a cair", disse ele.