O dólar comercial iniciou os trabalhos desta semana com forte alta de 1,05%, cotado a R$ 1,6536 na venda. Segundo especialistas, a aversão a risco segue dominando os mercados, refletindo notícias da sexta-feira (2) e do final da semana.
Entre elas está a ação do governo dos EUA contra bancos que venderam, de forma ilegal, ativos imobiliários de risco para as agências Fannie Mae e Freddie Mac. Também tivemos o rompimento do diálogo entre o governo grego e a "troika" (União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) em torno do desempenho fiscal do país e mais uma derrota do partido de Angela Merkel em uma eleição regional, em linha com as pesquisas.
“O fato das notícias não serem "novas" ou serem "previsíveis", como a nova derrota de Merkel, no entanto, não torna o comportamento do mercado incompreensível ou menos preocupante. O aumento da aversão a risco reflete a contínua deterioração econômica, o aumento do risco de ruptura, e as dificuldades enfrentadas pelos governos para encontrar soluções concretas e sustentáveis para a crise, tanto do ponto de vista econômico como político”, avalia Mauro Schneider, da Banif Corretora de Valores e Câmbio.
Agenda preocupa
No final da semana passada, alguns dados contribuíram para diminuir o apetite dos investidores, como a desaceleração do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro no segundo trimestre do ano e os dados piores que o esperado de geração de empregos nos Estados Unidos em agosto.
Já nesta segunda-feira (5), já repercute no pregão a revisão nas projeções compiladas pelo relatório Focus, mostrando que os economistas consultados pelo Banco Central estimam uma maior Selic e um menor crescimento econômico para 2011.
Alta do dólar não deve perdurar
De todo modo, os analistas não esperam que esta recuperação da divisa norte-americana frente ao real seja um movimento consolidado. Acredita-se que ele seja somente um ajuste e que, tendo em vista a ainda atrativa taxa de juros brasileira – atualmente 12% ao ano -, o investidor estrangeiro deve continuar aplicando na renda fixa por aqui, promovendo a desvalorização do dólar.
Vale lembrar que o dólar subiu 1,87% no acumulado da última semana, fechando a sexta-feira em seu maior patamar desde 29 de março.