Em semana marcada pelo corte de 50 pontos-base na taxa básica de juro brasileira, contrariando o consenso do mercado, o Ibovespa subiu nos quatro primeiros pregões da semana, tendo uma realização apenas nesta sexta-feira (2). Com isso, o principal índice de ações da bolsa brasileira acumulou alta de 5,96%, sua melhor semana desde julho de 2010, ficando aos 56.531 pontos.
As ações da PDG Realty (PDGR3) terminaram a esta semana com a maior alta dentre os papéis que compõem o Ibovespa, acumulando ganhos de 19,73% e cotadas a R$ 8,01. Os papéis ligados ao setor imobiliário ocuparam quatro dentre as seis maiores variações do índice no período, impulsionados principalmente pelo inesperado corte de 50 pontos base na taxa Selic, para 12% ao ano.
Já as ações preferenciais classe A da Usiminas (USIM5) se destacaram na ponta perdedora semanal do índice, ao recuar 5,31% para R$ 11,60. Vale mencionar que apenas outras duas ações fecharam no vermelho nesta semana – Natura (NATU3, -4,02%, R$ 37,20) e Brasil Ecodiesel (ECOD3, -3,17%, R$ 0,61).
Petro e Vale
As ações da Petrobras (PETR3, +3,03%, R$ 22,47; PETR4, +2,36%, R$ 20,37) fecharam a semana no azul. Na terça-feira (30), a estatal anunciou que mantém tratativas com a Vale Fertilizantes (FFTL4) acerca de uma potencial operação envolvendo os ativos nitrogenados da subsidiária do ramo de fertilizantes da Vale no seu no Complexo Industrial de Araucária, no Paraná. A companhia também informou não haver nenhum acordo vinculativo determinando os termos e condições relativos a essa operação.
Além disso, na quinta-feira (1), a Petrobras anunciou que iniciará, já na próxima semana, a produção de gás natural na camada pré-sal no Campo de Lula, na Bacia de Santos. Segundo a companhia, o gasoduto que liga o campo à Plataforma de Mexilhão, pertencente à mesma bacia, já está sendo pressurizado.
Jás as ações da Vale (VALE3, +3,74%, R$ 44,41; VALE5, +3,41%, R$ 40,35) fecharam em alta nesta semana de fraco noticiário corporativo da mineradora.
Economia brasileira
Na quarta-feira (31), o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central contrariou o consenso de mercado ao reduzir a taxa básica de juros em 50 pontos base, para 12% ao ano. Durante esta semana, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e a presidente Dilma Rousseff já haviam sinalizado a intenção de ajustar para baixo o juro básico, por conta da deterioração da economia internacional.
Mantega afirmou na segunda-feira (29) que o esforço fiscal do governo, após elevar a meta para o superávit primário em R$ 10 bilhões, era permitir a redução dos juros básicos. Na terça-feira (30), foi a vez da presidente Dilma Rousseff confirmar que o país tinha condições para a redução da Selic, a fim de manter a economia aquecida e afastar a crise externa.
Crise na União Europeia
Na Zona do Euro, o governo de Portugal aprovou a estratégia para controlar o déficit excessivo até 2013, enquanto na Grécia, o ministro das Finanças do país, Evangelos Venizelos, afirmou que as conversas com o FMI (Fundo Monetário Internacional), Comissão Europeia e BCE (Banco Central Europeu) já foram iniciadas, a fim de reduzir as consequências da crise fiscal no país através da renegociação das dívidas do governo grego com seus credores.
Ainda na Grécia, o Alpha Bank e o EFG Eurobank Ergasias, dois dos maiores bancos do país, anunciaram na segunda-feira que chegaram a um acordo para unir suas operações, conforme comunicado enviado ao mercado, assim, sendo essa uma sinalização positiva de uma das economias que mais têm sofrido com o agravamento da crise fiscal na Zona do Euro.
EUA corta projeção de crescimento
Nesta semana, a divulgação da ata do Fomc (Federal Open Market Committee) revelou a opinião do Federal Reserve de que a economia dos EUA não entrará em recessão, além de não trazer novidades negativas.
Além disso, a Casa Branca cortou a projeção de crescimento para a economia dos Estados Unidos neste ano de 2,7% para 1,7% e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou que o país conta com diversas opções políticas para criar até um milhão de novos empregos.
Agenda econômica da semana
No Brasil, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro no segundo trimestre deste ano mostrou avanço de 0,8% em relação ao 1T11, mas que apontou desaceleração em relação ao mesmo período do ano anterior, quando subiu 3,1%, além de que o o IPP (Índice de Preços ao Produtor) da indústria de transformação registrou inflação no último mês de julho, marcando variação de 0,07%. O instituto reportou Pesquisa Industrial Regional de julho, que apontou variação positiva de 0,5% na passagem mensal, mas que, em relação a julho de 2010, houve recuo de 0,3%.
Enquanto isso, a FGV (Fundação Getulio Vargas) reportou que o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) variou 0,44% na medição de agosto. Em julho, o indicador havia registrado taxa de -0,12%, já em 12 meses, o indicador variou 8,00% e a taxa acumulada no ano é de 3,48%.
Ainda por aqui, o IPC-Fipe (Índice de Preços ao Consumidor), divulgado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), apontou variação positiva dos preços de 0,39% na quarta leitura de agosto, ante alta de 0,30% em julho, o que representa aumento de 0,09 ponto percentual.
Nos EUA, o mercado de trabalho não registrou abertura de vagas em agosto, frente a expectativa de criação de 70 mil postos de trabalho e as 85 mil registrados na medição anterior, reforçando a desconfiança dos investidores acerca da recuperação da economia do país, com a taxa de desemprego mantendo-se em 9,1%. Além disso, o volume de pedidos de auxílio desemprego (Initial Claims) foi de 409 mil demandas na passagem semanal, frente expectativa de 407 mil solicitações.
Já o Chicago PMI apontou que a produção industrial na região dos EUA, ao marcar 56,5 pontos em agosto, superando as expectativas de 53 pontos, enquanto o nível de atividade da indústria norte-americana, medida pelo ISM Index, que veio acima das expectativas de 48,5 pontos ao registrar 50,6 pontos em agosto.
Ainda nos Estados Unidos, o núcleo do índice de preços PCE (Personal Consumption Expenditures) registrou alta de 0,2% no mês de julho, em linha com as estimativas do mercado e os preços dos imóveis norte-americanos, mensurados pelo S&P/Case-Shiller Index caíram 4,5% em junho, na base de comparação anual, vindo abaixo das projeções do mercado. Já a confiança do consumidor mostrou recuo no mês de agosto, ao registrar 44,5 pontos, frente as projeções de 52 pontos.
Câmbio e Renda Fixa
O dólar comercial fechou cotado na venda a R$ 1,635 na venda nesta sexta-feira. A moeda norte-americana fechou a semana em alta de 1,87%.
No mercado de juros futuros da BM&F Bovespa, os contratos fecharam em queda. O contrato de juros de maior liquidez nesta semana, com vencimento em outubro de 2011, registrou uma taxa de 11,89%, com queda de 0,40 ponto percentual na semana.
No mercado de títulos da dívida externa brasileira, o Global 40, bônus mais líquido, encerrou cotado 137,32% de seu valor de face, alta de 0,036% na semana.
Já o indicador de risco-País fechou em alta de 5 pontos base, aos 208 pontos.
Confira a agenda da próxima semana
Dentro da agenda para a primeira semana de setembro, os investidores conhecerão a ata da última reunião do Copom, bem como a pesquisa industrial de emprego e salário referente ao mês de julho.
Lá fora, a pauta econômica também mostra-se bastante agitada, com destaque para o Beige Book do Federal Reserve e para as decisões de política monetária do BoJ (Banco do Japão), BCE (Banco Central Europeu) e BoE (Bank of England).