Os juros estão cada vez maiores, e eles já começaram a aparecer nas contas das empresas. O calote das companhias em maio cresceu 23,6% na comparação com maio de 2010, segundo a empresa de análise de crédito Serasa Experian. Esse é o maior aumento desse número desde julho de 2009.
As médias empresas foram as que mais sofreram para pagar as contas no mês passado. O indicador de calote aumentou 27,1% na comparação com maio do ano passado. Em seguida, apareceram as micro e pequenas, cuja inadimplência subiu 23,8%. As grandes foram as que melhor lidaram com a situação – o calote delas cresceu 15,2% de um ano para cá.
Para os economistas, os juros elevados e a desaceleração econômica bateram forte no caixa das companhias brasileiras. Desde o ano passado, taxas de juros não pararam de subir desde o começo do ano passado. Em março, a taxa básica Selic – que determina todas as outras taxas do mercado – estava no menor patamar da história (8,75% ao ano), mas desde então não parou de subir e agora está em 12% ao ano.
Também mexeu com as empresas as medidas do governo para esfriar o consumo. Desde o final do ano passado o Banco Central e o governo têm tirado grana do mercado. Em dezembro, o BC mudou as regras dos depósitos compulsórios (a grana que os bancos são obrigados a deixar depositada no BC) para tirar R$ 61 bilhões de circulação da economia. Depois, elevou o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) dos empréstimos aos consumidores.
Tudo isso tem um objetivo principal: combater a inflação, que ameaça sair do controle. A ideia é deixar o crédito mais caro para esfriar o consumo e baixar um pouco os preços. Nos últimos 12 meses (entre junho de 2010 e maio), o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), usado como parâmetro da inflação do governo, ficou em 6,55% – acima da margem de segurança de 6,50% para a inflação.
– A política monetária restritiva [com menos crédito] para controle da inflação, os impactos do aumento dos preços nos custos e o crescimento na inadimplência do consumidor no caixa das empresas já afetam sua capacidade de pagamento.
A perspectiva é de que os fatores elencados continuem pressionando a liquidez das empresas.
O indicador de inadimplência das empresas considera as variações registradas no número de cheques sem fundos, títulos protestados e dívidas vencidas com instituições financeiras.
O maior vilão das dívidas das empresas foram os protestos, que cresceram 26,3% entre abril e maio. Em segundo lugar estão os cheques sem fundos (11,2%) e as dívidas com bancos (7,8%).
De janeiro a maio, as dívidas com bancos tiveram um valor médio de R$ 5.049,81, o que representou 5,8% de aumento ante o mesmo período de 2010. Os títulos protestados, por sua vez, tiveram, nos cinco primeiros meses do ano, um valor médio de R$ 1.723,59, resultando em 7,0% de elevação, na comparação com o acumulado de janeiro a maio de 2010. Por fim, os cheques sem fundos apresentaram, de janeiro a maio deste ano, um valor médio de R$ 2.058,15, com 2,7% de crescimento, na relação com os cinco primeiros meses de 2010.