O espetáculo “As Criadas” pretende abordar as relações dominadores-dominados, concretizando os pólos da contradição entre senhor e servo, ao nível criada-senhora, implicando a opção pela atipicidade. Duas irmãs, criadas da mesma senhora, odeiam a patroa. Odeiam nela as suas situações de servas, amando os seus mitos. O ódio das criadas, sublimado pelo desespero, concentra-se num único objetivo: a destruição moral e física da senhora. As situações da peça são sempre marcadas pelo espectro do irremediável. A peça de Genet surge como um tipo de teatro perigoso, e pode ser um convite ao delírio. A transposição em palco do feminino para o masculino acentua um espelho de identidades infinito.