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Três Lagoas, 29 de abril

Lagoa Maior pode desaparecer

Assoreamento pode matar principal cartão postal de Três Lagoas em 10 ou 15 anos

Por Ana Cristina Santos
04/08/2018 • 07h10
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Devido ao assoreamento e quantidade de sedimentos  depositados no fundo da Lagoa Maior, um dos principais cartões postais de Três Lagoas pode desaparecer dentro de 10 a 15 anos. Isso é o que apontam estudos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), realizados no campus instalado na cidade. 

Em 2004, a profundidade da lagoa chegava a 3,60 metros. Dez anos depois, caiu para 1,80. Hoje, pela falta de chuvas e o acúmulo de areia, é possível ver sem dificuldades que nível de água está bem baixo. As caixas de contenção, abertas ao redor da lagoa,  estão secas, e o recuo da margem chega a três metros em diversos pontos. 

A situação é reflexo da construção de prédios e a pavimentação de ruas, de acordo com o coordenador do Laboratório de Análise Ambiental, o professor e doutor em Geografia da UFMS, André Luiz Pinto, autor do estudo. As construções contribuíram no rebaixamento do lençol freático e a impermeabilização, principalmente com asfalto, aumentou o escoamento de água de chuva para dentro da Lagoa Maior. “Todos os sedimentos e o lixo urbano vão para a lagoa. E o volume de sedimentos que entra é maior do que o que sai. Se continuar assim, dentro de 10 a 15 anos haverá uma redução muito grande no volume de água”, explicou.

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Segundo a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, na década de 1990 a Lagoa Maior ficou rasa, tanto que o mato cresceu no lugar onde havia água. Foi preciso fazer uma escavação e  limpeza da lagoa para evitar seu desaparecimento.

“Antigamente havia sedimentos nas camadas mais profundas da lagoa. Nas décadas de 1930, 1950, o local era usado para o lazer, o banho e até para pesca. Hoje, depois da escavação, houve um agravamento do problema porque temos um volume de água sendo perdido”, apontou.

Na avaliação de André Luiz Pinto, a população tem culpa pela situação da Lagoa Maior porque despeja lixo no local, nas ruas e bueiros, e isso deve exigir nova escavação dentro de poucos anos. Ele também aponta outro problema. “A prefeitura faz o bombeamento de água da Segunda Lagoa para a Maior, e isso também  carrega grande volume de sedimentos”, além de resíduos levados pelas chuvas.

Em nota, a secretaria diz que a Lagoa Maior possui caixas de contenção construídas para reduzir o assoreamento. O excesso de areia depositada nas caixas é retirado quando o nível fica elevado.

Ainda segundo a pasta, como as lagoas são o ponto mais baixo da região central da cidade, é natural que as águas pluviais vertam diretamente para elas, levando sedimentos, lixo e grande volume de água. A secretaria ressalta que “deixar áreas permeáveis nas residências e calçadas é uma forma de ajudar a preservar as lagoas” por contribuir com a infiltração de água no solo.

PERIGO

O professor afirma ainda que é extremamente perigoso consumir peixes da Lagoa Maior porque há fósseis de espongilito - tipo de esponjas do pó de mico encontrado no fundo da lagoa - na água, que podem grudar nas paredes do estômago, causar úlceras e até situações cancerígenas. Mesmo assim, é comum haver pessoas pescando no local, apesar de placas de proibição e de alerta.

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