A crescente presença de usinas e empresas que se instalam no município ou em regiões próximas a Paranaíba tem trazido uma nova realidade à rotina de alguns bairros: as chamadas “casas alojamento”. Esses imóveis, geralmente residenciais, são alugados por empregadores e transformados em dormitórios coletivos para abrigar trabalhadores temporários. Em alguns casos, até 20 homens dividem o mesmo espaço, alternando turnos de trabalho, descanso e lazer.
O problema, segundo relatos de moradores vizinhos, está na convivência difícil provocada por comportamentos que extrapolam os limites do sossego. Música em volume elevado, consumo de bebidas alcoólicas nas calçadas e aglomerações em frente às residências são as principais queixas registradas.
“Às vezes é no meio da semana, outras vezes no fim de semana, mas a barulheira não tem dia nem hora. Já pedi várias vezes para abaixarem o som”, contou uma moradora, que preferiu não se identificar. De acordo com ela, os transtornos ocorrem em diferentes momentos do dia e da noite, sem respeitar feriados ou horários de descanso.
Além de abordagens diretas aos ocupantes das casas, muitos vizinhos têm recorrido às redes sociais para expressar sua indignação e, em casos mais extremos, acionado a Polícia Militar por meio do 190 para solicitar a aplicação da chamada “Lei do Silêncio”.
Outro morador afirma que, além do barulho, a falta de civilidade também tem gerado desconforto. “Já encontrei latinhas e garrafas deixadas na frente da minha casa. A gente não é contra ninguém trabalhar, mas tem que haver respeito com os vizinhos”.
As chamadas “casas alojamento” têm se tornado comuns como alternativa de baixo custo para empregadores que precisam hospedar grandes contingentes de trabalhadores em curtos períodos. No entanto, a ausência de fiscalização, de regras claras de convivência e de estrutura adequada para abrigar esse número elevado de pessoas acaba afetando diretamente a qualidade de vida de moradores do entorno.
Até o momento, não há informações sobre ações específicas por parte do poder público municipal ou dos órgãos responsáveis quanto à regulamentação ou monitoramento desse tipo de habitação coletiva.