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CALOR INTENSO

Setembro de clima seco e estiagem prolongada castigou Paranaíba; previsão indica outubro pior

População do município e de outras regiões de Mato Grosso do Sul devem enfrentar aumento de temperaturas, baixa umidade e chuvas irregulares no próximo mês

A combinação entre altas temperaturas e baixa umidade relativa do ar gera um cenário de alerta, com efeitos imediatos e de longo prazo para a população e os ecossistemas locais - Foto/Arquivo
A combinação entre altas temperaturas e baixa umidade relativa do ar gera um cenário de alerta, com efeitos imediatos e de longo prazo para a população e os ecossistemas locais - Foto/Arquivo

À medida que o clima se torna mais seco e os períodos de estiagem se intensificam, os impactos sobre a saúde humana, o meio ambiente, a economia e a infraestrutura tornam-se cada vez mais evidentes — especialmente em municípios do interior sul-mato-grossense, como Paranaíba. A combinação entre altas temperaturas e baixa umidade relativa do ar gera um cenário de alerta, com efeitos imediatos e de longo prazo para a população e os ecossistemas locais.

Outubro seco e quente em Paranaíba: números confirmam tendência

Segundo dados do Climatempo, a média histórica de temperatura em outubro em Paranaíba varia entre 22 °C (mínima) e 32 °C (máxima), com precipitação média de 115 mm ao longo do mês. No entanto, em setembro de 2025, a cidade registrou apenas 1 mm de chuva até o dia 16 — equivalente a cerca de 2% da média mensal esperada.

Esse déficit hídrico tende a agravar ainda mais as condições climáticas em outubro, mantendo o ar seco e elevando as temperaturas locais.

Riscos à saúde aumentam com ar seco e calor extremo

A exposição prolongada a umidade relativa do ar inferior a 30% pode provocar o ressecamento das mucosas respiratórias, agravando doenças como asma, rinite, bronquite e alergias. Outros sintomas frequentes em dias de baixa umidade incluem irritação nos olhos, garganta seca, náuseas, desidratação e fadiga. Em situações mais severas, podem ocorrer casos de insolação e desmaios.

Grupos mais vulneráveis — como crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas — são os mais afetados e demandam atenção redobrada.

Agricultura, pecuária e recursos hídricos sofrem com a estiagem

A escassez de chuvas impacta diretamente as lavouras, que ficam mais sujeitas a perdas por estresse hídrico. Ao mesmo tempo, a redução nos volumes de reservatórios, açudes e rios compromete o abastecimento tanto urbano quanto rural.

Em áreas de solo seco, os efeitos se agravam: aumenta o risco de erosão, há queda na fertilidade do solo e surgem dificuldades adicionais no plantio e manejo agrícola.

Queimadas e impactos ambientais: biomas em risco

As condições de ar seco e vegetação ressecada favorecem a ocorrência e rápida propagação de incêndios florestais e queimadas, que, além dos prejuízos à fauna e flora, comprometem ainda mais a qualidade do ar e a saúde da população.

Animais silvestres enfrentam escassez de água e alimento, podendo migrar ou perecer. A vegetação nativa, por sua vez, sofre estresse hídrico e pode apresentar mortalidade parcial, o que altera o equilíbrio ecológico local.

Infraestrutura e consumo: pressão sobre os sistemas urbanos

A demanda por energia elétrica aumenta nos períodos de calor intenso, com o uso constante de ventiladores e aparelhos de ar-condicionado. Em regiões remotas, a estiagem prolongada também pode comprometer o fornecimento de água potável.

Com o agravamento das condições climáticas, há risco de conflitos pelo uso de recursos hídricos entre comunidades, setores agrícolas e industriais.

Projeções estaduais: calor intenso e chuvas isoladas

Para o conjunto do estado de Mato Grosso do Sul, a previsão é de temperaturas máximas médias em torno de 35 °C e mínimas entre 23 °C e 25 °C, com estimativa de até 14 dias chuvosos e acumulado médio de 121 mm de precipitação, segundo o portal Tempo Limpo.

Apesar da possibilidade de chuvas acima da média em algumas áreas, o calor deve predominar, especialmente nos primeiros dias do mês. Dados históricos apontam que municípios como Água Clara e Paranaíba já registraram temperaturas extremas de até 44,6 °C em anos anteriores.

Como a população pode se proteger?

Em períodos de estiagem prolongada e baixa umidade, recomenda-se à população:

  • Manter hidratação constante, mesmo sem sede;
  • Evitar exposição direta ao sol entre 10h e 16h;
  • Usar roupas leves, chapéus, bonés e protetor solar;
  • Ventilar ambientes internos e, se possível, utilizar umidificadores;
  • Reduzir atividades físicas nos horários mais quentes do dia;
  • Observar sinais de exaustão ou mal-estar e buscar auxílio médico se necessário;
  • Evitar o uso do fogo em qualquer tipo de manejo rural ou queima de resíduos, colaborando com a prevenção de incêndios.

Alívio pontual com pancadas de chuva

Apesar da estiagem, pancadas isoladas de chuva podem ocorrer ao longo do mês. Esses episódios oferecem alívio momentâneo, melhorando a umidade do ar e reduzindo a temperatura, ainda que de forma temporária. Chuvas de 10 a 20 mm, mesmo pontuais, costumam proporcionar dias mais amenos.

Entretanto, especialistas alertam que essas precipitações não são suficientes para reverter o déficit hídrico acumulado nem restaurar plenamente os sistemas ecológicos e hidrológicos afetados.