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Câmara de Campo Grande cassa Bernal e empossa vice

O vice-prefeito, Gilmar Olarte (PP), foi empossado no meio da manhã e anunciou um governo de coalizão na Capital.

Câmara de Campo Grande realiza sessão histórica -
Câmara de Campo Grande realiza sessão histórica -

Por 23 a 6, a Câmara de Campo Grande cassou no início da madrugada dessa quinta-feira o mandato do prefeito Alcides Bernal (PP). Alcides Bernal perdeu o cargo após um ano e três meses de mandato. Bernal deixou a Câmara logo depois de apresentar sua defesa, convencido de que não conseguiria reverter o quadro pró-cassação. O vice-prefeito, Gilmar Olarte (PP), foi empossado no meio da manhã e anunciou um governo de coalizão na Capital.

Votaram pela cassação os vereadores Wanderley Cabeludo; Carla Sthepanini, Edil Albuquerque, Mário César, Paulo Siufi, Coringa, Chiquinho Teles, Delei, Flávio César, Otávio Trad, Chocolate, Jamal, Grazielle Machado, João Rocha, Rose Modesto, Alceu Bueno, Airton Saraiva, Gilmar Cruz, Carlão, Juliana Zorzo, Edson Shimabukuro e Elizeu Dionízio.

Da bancada de 29 vereadores, apenas seis; José Orcírio dos Santos (Zeca do PT), Alex do PT, Airton Araújo, Cazuza, Paulo Pedra e Luiza Ribeiro foram favoráveis a permanência de Bernal no cargo.

Em sua defesa, Bernal falou em golpe e atentado contra a democracia, acusou três órgãos de imprensa mas não conseguiu convencer os vereadores. Ele disse que vai recorrer à Justiça para recuperar o cargo.

Na sessão que varou a madrugada dessa quinta-feira, Bernal foi considerado culpado por três das nove infrações político-administrativas.

No primeiro crime, que foi a contratação emergencial da Salute para o fornecimento de merenda por R$ 4,7 milhões, os vereadores votaram pela cassação do mandato do prefeito.

Relator da CPI do Calote, o vereador Elizeu Dionízio (SDD) afirmou que votou a favor da cassação do prefeito da Capital "com muita tristeza". "Nosso prefeito achou que, por carregar Jesus no nome, estava acima de tudo", lamentou o parlamentar, que até foi atacado pelo prefeito na tarde desta quarta-feira.

DERROTAS –  Radialista por profissão, Bernal – que já havia sido vereador na Capital e deputado estadual – venceu nas urnas, mas sempre patinou na articulação política em meio à maioria de parlamentares oriunda da chapa de oposição.

Na disputa com partidos tradicionais, como o PMDB, que comandou a Prefeitura de Campo Grande por duas décadas, e o PSDB, Bernal foi dúvida até a última hora do dia das convenções. Sem aliados, lançou chapa pura, contra outros seis adversários.

Os planos do prefeito cassado eram construir diálogo com os vereadores, mas o primeiro teste de popularidade de Bernal entre os parlamentares se revelou profético. “Ungida” pelo prefeito, a vereadora Rose Modesto (PSDB) perdeu a disputa pela presidência da Câmara. Com placar de 20 votos a 9, a vitória ficou com Mário César. Era primeiro de janeiro e Bernal amargou a primeira derrota de 2013.

No decorrer do ano passado, o prefeito conseguiu perder até mesmo aliados, como dois vereadores do PSDB e Waldecy Nunes , o Chocolate. Logo, se afastou e isolou o vice Gilmar Olarte (PP). Na ofensiva, a Câmara abriu a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Calote. Por fim, a investigação apontou que o prefeito “fabricou” situação de emergência. Ou seja, priorizou contratos com dispensa de licitação.

O parecer abriu caminho para a Comissão Processante. Com manifesto a favor da cassação, Bernal foi julgado e perdeu o mandato. Neste meio tempo, foram várias as tentativas de atrair vereadores para a base aliada. Usando a força da caneta, distribuiu cargos e trouxe Pedro Chaves (PSC) para comandar a secretaria de Governo, responsável por estreitar os laços com os vereadores.

Na berlinda, prometeu, em outubro, tirar da gaveta um conselho político, antiga aspiração dos então partidos aliados. No entanto, o governo de coalizão não teve êxito e Bernal foi protagonista de um dia histórico, em 114 anos da capital sul-mato-grossense, sendo o primeiro prefeito cassado de Campo Grande.