O custo de R$25 milhões do castelo com 36 suites do deputado federal Edmar Moreira, não declarado à Receita Federal, inspira o saboroso tema que envolve a o milagre da “multiplicação de pães”.
Qualquer cidadão de mediana inteligência questiona: como muitos políticos conseguem conciliar o cargo estafante com os negócios da iniciativa privada? Como conseguem garimpar as oportunidades excepcionais de aumentar o patrimônio em tão pouco tempo? Porque a Receita não dispensa aos homens públicos o mesmo tratamento dado ao brasileiro povo? Porque não adotamos critérios iguais aos países de primeiro mundo?
O caso do parlamentar mineiro é apenas mais um e que ganha notoriedade passageira graças ao seu currículo, cinismo nas justificativas e pela sua função de Corregedor (que em tese deveria fiscalizar a distribuição da justiça) na Câmara Federal. Lógico que o episódio irá para o baú do esquecimento onde repousam outros casos escabrosos, com a farra continuando ao som imaginário da marchinha “Mamãe eu quero…”, muito lembrada neste período carnavalesco.
Mas convenhamos! Existem “outros Edmar” por aí. Aposto que o leitor conhece: alguns mais próximos e outros através do generoso noticiário. Deles, alguns de berço abastado, outros de origem humilde, mas que na vida pública aprenderam rapidamente os ensinamentos da “Lei de Gerson”.
A explicação para o sucesso desse pessoal é bastante simples: o ambiente é propício e a combinação das leis é passaporte para a impunidade. À propósito: aquele caso envolvendo o senador Jader Barbalho, algemado e fotografado descendo do avião, é uma raridade na história política do país. Mas sem ilusões: ficou só naquilo e hoje ele é deputado influente, mandando na província do Pará e certamente ainda mais rico.
E o quadro é esse: políticos que se tornam empresários poderosos, com o futuro garantido, enquanto o brasileiro tenta se equilibrar para pagar as contas e apenas perseguindo o sonho da aposentadoria razoável.
A grande sacanagem desses políticos que “comem quieto ao estilo mineirinho”, é a união deles lá em cima e não ensinam os truques da mágica de enriquecer para nós do picadeiro, apenas com o direito a indignação e uma bolinha vermelha na ponta do nariz.
Hoje tem marmelada? Tem sim senhor!
Manoel Afonso escreve a coluna Ampla Visão para o JP