
Mato Grosso do Sul comemora 41 anos do desmembramento de Mato Grosso. Em 11 de outubro de 1977, o então presidente Ernesto Geisel assinava a lei complementar número 31, criando o novo Estado. A implantação viria dois anos depois, em 1979.
“Foi uma conquista que deu uma alegria muito grande para nossa população, porque Campo Grande era a locomotiva do estado e toda arrecadação feita no sul mantinha o norte”, explicou o advogado e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, Heitor Rodrigues Freire, que presenciou o processo de desmembramento.
Segundo Freire, o anseio da população do sul de mato Grosso – hoje Mato Grosso do Sul – era pela divisão. “Havia um antagonismo político entre o norte e o sul. Não era guerra, mas havia um antagonismo político por causa da prevalência da parte política que Cuiabá dominava”.
Dentro desse contexto, Freire destacou o papel desempenhado pela ferrovia Noroeste do Brasil, que contribuiu efetivamente na criação do estado, e lamentou seu encerramento. “Quando houve esse sucateamento da estrada de ferro Noroeste, foi um prejuízo muito grande para nossa economia. A história perdeu o turismo perdeu, o meio ambiente perdeu. Todo mundo perdeu”.
CBN – Em detalhes, como foi esse processo de divisão?
Heitor: Em 1977, o presidente Geisel encaminhou a lei complementar número 31 que criou o estado de Mato Grosso do Sul, desmembrando do estado de Mato Grosso. E esse anúncio, foi no dia 11 de outubro de 1977, e já faz 41 anos, desse anúncio na emenda constitucional. Em 1979, foi instalado, então, o Estado, com a posse do primeiro governador nomeado, doutor Harry Amorim Costa. Ele era o engenheiro diretor-geral do Departamento Nacional de Obras contra Seca (DNOCS), de obras de saneamento, nacional. Ele era considerado funcionário público exemplar, tinha um destaque muito grande. Então, ele foi escolhido pelo presidente Geisel para ser o nosso primeiro governador, porque a nossa classe política não se entendia. Não havia uma união em torno de um nome só, então, havia muita disputa e, para não incorrer na preferência de uma ala ou de outra, o presidente Geisel resolveu nomear o doutor Harry Amorim Costa.
CBN – Como foi a divisão do Estado para a população?
Heitor – Foi uma conquista que deu uma alegria muito grande para a nossa população, porque, desde o século passado, Campo Grande era a locomotiva do estado e toda arrecadação era feita no sul e mantinha o norte. Então, havia um antagonismo político entre o sul e o norte. Não era guerra nem nada mas havia um antagonismo político por causa dessa prevalência da parte política que Cuiabá dominava. Havia um anseio muito grande pela criação do estado de Mato Grosso do Sul. Houve, em 1932, a revolução constitucionalista que o sul de Mato Grosso [hoje Mato Grosso do Sul] participou.
CBN – Como o senhor avalia o papel da ferrovia nesse desmembramento?
Heitor: A ferrovia, historicamente, tem uma importância muito grande na implantação do nosso estado porque ela chegou aqui em Campo Grande em 1914. E a chegada da ferrovia trouxe o progresso para Campo Grande e, depois, estendendo até Corumbá. Então, foi um fator de integração, foi uma inovação que gerou muito emprego e trouxe muita gente de fora para o nosso estado. Então, a ferrovia foi um fator de consolidação do estado, do sul de Mato Grosso. Em 1979, quando já tinha sido implantado o estado, ela já estava consolidada e era um meio de transporte de escoamento da produção e de transporte de passageiros, também, muito grande daqui para São Paulo e no ramal que ia para Ponta Porã e, outro para Corumbá.
Com a saída dos trilhos da cidade, que foram retirados pelo ex-prefeito André Puccinelli, houve uma descaracterização e a estrada de ferro Noroeste acabou ficando sucateada. Então, é uma grande perda para nós, para a economia, para nosso estado, para nossa população, porque a ferrovia permitia um transporte barato e rápido, seguro. E a ferrovia é um transporte baratíssimo. Então, quando houve esse sucateamento da estrada de ferro Noroeste, foi um prejuízo muito grande para nossa economia. A história perdeu o turismo perdeu, o meio ambiente perdeu. Todo mundo perdeu.