Pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa de Mato Grosso do Sul (IPEMS) e encomendada pela Associação Campo-Grandense dos Profissionais da Educação (ACP) revela que, de cada dez professores da rede pública de ensino da Capital, sete afirmam que não estão preparados para a chamada educação inclusiva. Os dados foram coletados em 20 escolas da rede municipal e estadual de Campo Grande e ouviu um universo de 1,4 mil educadores, entre diretores, professores e especialistas.
Os números foram apresentados na Audiência Pública “Escola Especial: Um Direito de Escolha”, proposta pelo deputado Pedro Kemp.
Para o presidente da ACP, professor Geraldo Alves Gonçalves, as escolas não têm como receber os mais de 5,2 mil alunos especiais. “A escola e o professor não estão preparados para receber esses alunos. Faltam mobiliário, alimentação adequada, banheiros adaptados. Somos favoráveis à inclusão, mas não dessa forma”, disse. De acordo com Geraldo Gonçalves, os dados completos do levantamento estão à disposição dos interessados na sede da ACP, na Capital.
O vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sinted), professor Petrôneo Alves Corrêa Filho, informou que o órgão representativo da classe dos professores ainda não discutiu oficialmente a questão. O assunto, segundo ele, “certamente virá à tona nas discussões da Conferência Municipal de Educação”, marcada para os dias 24 e 25.
No entanto, na sua experiência profissional, como professor e diretor de escola, Petrôneo alertou para a questão de violência nas unidades de ensino regular, “que poderá aumentar com a inclusão social de alunos portadores de necessidades especiais, não por culpa deles, mas da estrutura escolar, que não está devidamente preparada para essa inclusão”, alertou.
Ele manifestou-se totalmente contrário ao Parecer do CNE, porque “estamos tirando o deficiente de um meio especializado que o atende bem para colocá-lo numa escola que não está preparada para recebê-lo”, observou.