Não ia passar batido. Acabei de ver os filmetes na televisão enaltecendo a postura do PMDB e decidi compartilhar minhas reflexões com os leitores. Na Avenida Afonso Pena, neste domingo, alguém ironizou: “é caso de PROCON!”
Para contrapor ao conteúdo destas peças publicitárias, lembrar algumas frases recentes de Jarbas Vasconcelos e Pedro Simon são oportunas: “…boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção…a maioria se move por licitações e contratações dirigidas…não basta mudar os nomes, é preciso mudar as práticas…ele é governo há 10 anos…não ocupa a cadeira que foi de FHC – que é de Lula, mas ocupa, não se quantas cadeiras ao redor dele…muitos que estão no partido não tem nossa biografia..”
Mas quanto se esperava uma reação à altura da direção do partido, eis que Michel Temer – seu presidente – tenta sair pela tangente com a declaração pífia: “É só um desabafo – não queremos salientar algo que não tem especificidade.” É como você não se importar com imputações injuriosas à toda sua família, sob a alegação de que não foi mencionado nome por nome de seus membros.
Claro que não podia esquecer de Sarney, o velho cacique maranhense, que acuado com a esbórnia reinante no Senado, saiu com essa pérola: “Só estou no cargo para prestar minha colaboração à Nação”. Aliás, ele também disse que o festival de diretores na Casa é “questão menor”. Pode?
Todos sabem que o MDB antigo foi criado para se opor a ARENA – partido que fazia o jogo dos militares. Seu discurso era forte e fez história no tempo de Ulysses Guimarães, pregando a democracia e a moralidade da transparência. Mas o tempo provou, como ocorreu com o Partido dos Trabalhadores, que o discurso era fantasioso e que em nome do poder, acabou atraindo gente sem o perfil de Ulysses, Jarbas e Simon por exemplo.
Assim o PMDB acabou se transformando numa grande canoa, na qual embarcou gente de toda espécie. Não há qualquer critério seletivo para se ingressar nele! O que importa é a densidade eleitoral do pretendente e ponto final.
Diante dessa rápida explanação sobre essa agremiação partidária, duas perguntas são imprescindíveis: “aquele pessoal do PMDB lá de cima estaria mesmo preocupado com o emprego da população ou muito mais com o emprego de seus próprios filhos e apaniguados?” “Você daria um cheque em branco ou uma procuração para eles administrarem seus negócios?”
Não sei por quanto tempo ainda teremos que assistir essa propaganda do PMDB, mas é indispensável fazer uma profunda reflexão para o nosso próprio bem.
Só lembrando: embora tenha sido o grande vencedor nas últimas eleições, o PMDB, entre janeiro de 2008 a 2009, foi o partido que mais perdeu filiados – mais de 200 mil. Simples coincidência ou decepção coletiva?
Manoel Afonso escreve a coluna Ampla Visão para o JP