O início das operações de voos comerciais de duas empresas aéreas, Passaredo e Azul, impactaram, diretamente, o trabalho do Corpo de Bombeiros em Três Lagoas. A corporação, que já contava com efetivo reduzido – 52 bombeiros ao todo – agora foi obrigada a dividir as equipes para atender às normas de segurança de voos no Aeroporto Plínio Alarcon.
Três Lagoas
Funcionamento do aeroporto impacta trabalho dos Bombeiros
Efetivo já reduzido teve que ser dividido para atender aos voos comerciais
Conforme o comandante do Corpo de Bombeiros, major Leandro Mota de Arruda, as regras de segurança determinam que os bombeiros permaneçam no aeroporto 30 minutos antes da chegada e 30 minutos depois da partida da aeronave. Atualmente, cada companhia possui dois voos na cidade: os voos da azul chegam às 10h40 e às 17h45 e os da Passaredo, às 12h55 e às 23h45. “São quatro voos comerciais e com a perspectiva novos a serem implantados.
Com isso, temos que manter uma equipe no local quase que o tempo todo”, completou o oficial.
Com este trabalho, foram ‘retirados’ das ruas cerca de nove bombeiros,o que equivale a três equipes por semana em uma escala já reduzida, de 24h de trabalho por 48h de folga. Em Campo Grande, por exemplo, a escala é de 24h por 72h.
A necessidade de novos soldados para atuarem em Três Lagoas e, especificamente, no Aeroporto Plínio Alarcon, havia sido anunciada desde o início da reforma do receptivo e das negociações para que o município recebesse voos comerciais. Sem aumento no efetivo, a proposta era fazer com que a equipe fosse ao aeroporto, permanecesse pelo tempo necessário e retornasse aos atendimentos normais, o que não tem funcionado. “Pelos horários [dos voos], ela acaba ficando todo o dia lá. Agora, estamos tentando estruturar a unidade existente no Aeroporto, que já nasceu pequena”, disparou Arruda.
No entanto, desde 2007, quando o 5º Grupamento do Corpo de Bombeiros recebeu sete novos soldados, nenhum grande aumento no efetivo foi feito. “No ano passado, recebemos um novo soldado, que vai embora neste ano. Em 2003, o Corpo de Bombeiros de Três Lagoas tinha 89 bombeiros. Hoje, são 52 e, em contrapartida, o município cresceu drasticamente. Para se ter uma base, a maioria dos nossos bombeiros é composta de sargentos ou subtenentes, o que mostra que a tropa é antiga. Há poucos soldados”, destacou Arruda.
Nesta semana, o Corpo de Bombeiros vai receber oito sargentos, porém, não deverá impactar no trabalho já que eles eram da cidade e haviam sido afastados das suas funções para poderem fazer o curso de formação, em Campo Grande.
“Nesses anos, a cidade recebeu o Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência], que tem nos ajudado e muito. Mas, nem tudo que o Bombeiro faz o Samu faz. Um órgão não anula o outro”, lembrou.
ATENDIMENTO
Se o efetivo reduziu, o trabalho nesta última década mais que triplicou. Conforme relatório divulgado pelo Corpo de Bombeiros, apenas no ano passado, a instituição atendeu a 9,2 mil ocorrências. Dessas, 310 foram de incêndio, 83 salvamentos, 1.487 atendimentos pré-hospitalares, 1.989 auxílios à comunidade, 5.351 prevenções, o restante foi ações variadas. “Esse aumento faz parte do desenvolvimento da cidade. O grande desafio nosso é acompanhar esse crescimento, seja na parte estrutural, que temos conseguido através de parcerias com indústrias, como efetivo, hoje nossa maior dificuldade. Isso que não estão inclusas neste número as vistorias”.
O Corpo de Bombeiros promoveu, no ano passado, 2.716 vistorias técnicas de prevenção a incêndios, sendo 530 em bares e restaurantes, 318 em clínicas e 81 em indústrias. Comparado ao ano resultado do ano passado, as vistorias tiveram um aumento de 21,3%.
Somadas as duas situações, atendimento e vistoria, foram realizados 11,9 mil procedimentos, 228,8 por cada bombeiro lotado em Três Lagoas.
CONCURSO
A expectativa é que o déficit hoje existente – de pelo menos 15 bombeiros para atender a demanda reprimida mais urgente – seja suprida com o concurso público aberto pelo governo estadual no ano passado. Porém, ao contrário das polícias Civil e Militar, o número de bombeiros para cada município ainda não foi divulgado. A equipe de reportagem tentou entrar em contato com o comando geral do Corpo de Bombeiros, mas foi informada que o comandante estava de férias.