Os governadores dos estados de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, de Santa Catarina, Raimundo Colombo, do Paraná, Beto Richa, e o secretário de Planejamento do Rio Grande do Sul, João Mota, assinaram nesta quarta-feira um ofício que será encaminhado para a presidente da República, Dilma Rousseff, e para o Senado e a Câmara Federal solicitando o apoio à votação e a aprovação do projeto de Lei Complementar que muda o índice de correção das dívidas de Estados, Distrito Federal e municípios junto à União – PLC 99/13. No documento, os governadores pedem atenção especial da presidente quanto ao tema. "Como forma de melhorar a situação financeira e econômica dos entes federados, justamente no momento em que se discutem diversas matérias no Congresso Nacional com pretensão de proporcionar soluções normativas para questões relacionadas ao Sistema Federativo".
Três Lagoas
Governadores pedem a Dilma apoio para renegociação das dívidas dos Estados
Chefes do Executivo de quatro estados assinaram ofício que será encaminhado para a presidente
O assunto, assim como a regulamentação do comércio eletrônico foi um dos principais temas da reunião do Codesul – Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul, em Campo Grande. Empossado como novo presidente do Conselho, o governador André Puccinelli disse que o vital para todos os estados brasileiros é a renegociação das dívidas, com a mudança de alguns critérios da cobrança, principalmente o índice de comprometimento da receita. "É insuportável a dívida para os quatro estados e muitos outros. E pode ser votado, no mínimo, o indexador, o que atenua um pouco a situação. O vital é renegociar o percentual que temos que tirar [do Orçamento], para que em vez de 15% da receita líquida real, pudesse todo o mês pagar 10%, alongando o perfil da dívida. Teríamos os governos com fluxo de caixa para aplicar em diversos setores. Isto que é vital para Mato Grosso do Sul e outros três estados do Codesul.
DÍVIDAS
Puccinelli acredita que no final de dezembro deste ano o valor nominal de débitos de Mato Grosso do Sul será em torno de R$ 7,9 bilhões, o que representará cerca de 90% da receita corrente líquida. Nos últimos anos, com a recuperação financeira e o aumento da capacidade de endividamento, o Estado captou grande volume de recursos (primeiro do BIRD e mais recentemente do BNDES, em dois programas) para fazer investimentos. “Quando pegamos o governo do Estado os R$ 6,98 bilhões representavam 181% da receita. Fizemos empréstimos de US$ 300 milhões (BIRD) e mais dois- entre BNDES Estados e Pró-Investe – num total de R$ 1,9 bilhão”, informou André, salientando que o total de 181% do endividamento, com o planejamento do Estado e concretização de estimativas, representará no final 90% da receita corrente líquida. “Isso significa que Mato Grosso do Sul duplicou as suas reservas em termos de fortalecimento econômico financeiro”, finalizou Puccinelli.
Durante a reunião, o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, destacou o assunto da votação final do projeto da dívida dos Estados. “Os Estados contrataram desde a base do plano real valores absurdos. No ano de 1999 a dívida dos Estados era de R$ 93 bilhões e até o ano de 2011 foram pagos R$ 158 bilhões. E ainda devemos R$ 369 bilhões. Isso tira a capacidade de investimentos dos Estados”, salientou. O projeto já foi votado pela Câmara dos Deputados faltando passar pelo Senado.
ÍNDICES
De acordo com o ofício, a proposta é que seja alterado o índice de correção monetária do IGP-DI para o IPCA, por ser este último menos volátil, passando a taxa de juros para 4% a.a., para todos os contratos celebrados. "Esta proposta se justifica porque é a taxa que a União tem obtido para se financiar junto ao mercado financeiro. A iniciativa coloca um limite superior dado pela taxa Selic, dando maior garantia e previsibilidade nos encargos devidos por Estados e Munícipios", cita os governadores no documento.
Conforme o documento assinado pelos governadores, em 2011, a taxa Selic foi de 9,78%, enquanto a atualização monetária acrescida de juros dos contratos com Estados e Municípios variou entre 17,98% e 21,32%. "Essa discrepância tem acarretado dificuldades para que os referidos entes federativos cumpram seus compromissos financeiros, econômicos e sociais. Percebe-se a nítida perda dos Estados, que mesmo pagando valores relevantes de sua dívida, que são referentes à obrigação de comprometimento de 11,5%, 13% ou 15% da Receita Líquida Real, vem aumentando cada vez mais em decorrência do indexador”, avaliou o governador do Paraná, Beto Richa.