
Há quem trabalhe a vida inteira sonhando com a aposentadoria. E há quem se aposente e decida continuar trabalhando por puro amor ao que faz. Em Três Lagoas, esse é o caso de Milton Freitas dos Santos, que há quase cinco décadas dedica seus dias às plantas, sendo quase 30 anos deles dentro do viveiro municipal.
A história de Seu Milton é marcada por uma paixão que floresceu cedo. Aos 42 anos, quando se aposentou como encarregado do viveiro da CESP, ele decidiu que era cedo demais para parar. Em vez disso, atendeu ao chamado para trabalhar no viveiro municipal. Desde o dia 2 de julho de 1998, ele segue firme, mesmo após completar 47 anos de atuação como viveirista.
“Eu me aposentei muito novo e não queria ficar parado. Aqui é como minha família. Acordo todos os dias e venho cuidar das minhas plantas. É amor mesmo”, disse.
A rotina é meticulosa: ele chega cedo, percorre o viveiro todo, confere a estufa, observa o que nasceu, replantando ou reorganizando o espaço. Um verdadeiro zelador da natureza.
“Você tem que ter amor pelo que faz. E aqui, é o amor pelas plantas. Se a gente não produz, não tem muda para o povo levar. E é isso que me motiva a continuar: saber que o que eu cultivo aqui vai longe.”
E vai longe mesmo. As mudas produzidas no viveiro de Três Lagoas já ganharam o Brasil. Segundo ele, espécies cultivadas ali já foram levadas para estados como Rio Grande do Sul, Paraná, regiões do Nordeste, entre outros.
“É emocionante pensar que aquela muda pequena que a gente plantou foi levada para tão longe. Às vezes até me pergunto: será que fui eu mesmo que plantei aquela árvore?”
No viveiro, são cultivadas cerca de 50 espécies diferentes, desde árvores frutíferas e ornamentais até plantas raras. Uma das que mais exigem atenção é a resedá gigante, que só germina após um choque térmico. É dessa planta que Seu Milton tira uma de suas reflexões favoritas:
“Assim como ela, a gente também precisa de um baque às vezes pra florescer mais forte.”
Apesar do tom calmo e da simplicidade no falar, Seu Milton impressiona pela sabedoria e dedicação. Aos 70 anos, ele caminha entre as árvores como quem percorre um templo. Para ele, o silêncio das plantas é a melhor companhia.
“Não me vejo fazendo outra coisa. Isso aqui é minha vida. O som do vento nas folhas, o verde ao meu redor… é isso que me faz feliz.”
A história de Seu Milton é parte da série especial de Natal produzida pelo Grupo RCN, que destaca histórias reais de amor, dedicação e humanidade, aquelas que, assim como as raízes das árvores, firmam esperança e transformam vidas em silêncio, mas com grandeza.