
A Câmara Municipal de Três Lagoas foi palco, na quarta-feira (19), do painel “Vozes Negras que Inspiram”, evento realizado em alusão ao Dia da Consciência Negra, celebrado em todo o país nesta quinta-feira, 20 de novembro. A ação foi organizada pela Procuradoria da Mulher da Casa de Leis e reuniu educadoras, lideranças e representantes da comunidade negra da cidade.
O encontro destacou reflexões sobre representatividade, igualdade racial, políticas públicas e a importância da educação como instrumento de transformação social. A data, mais que simbólica, foi tratada como um momento de consciência, escuta e fortalecimento da luta por direitos.
A professora Cidolina Silva abriu o debate reforçando que a reparação histórica com a população negra está em curso, mas avança lentamente. Para ela, políticas públicas — especialmente na educação — são o caminho mais sólido para garantir oportunidades reais.
“A reparação tem acontecido, mas precisa ser intensificada. As cotas são fundamentais, porque é por meio da educação que a gente abre portas. Não falamos de igualdade, mas de equiparação: oportunidades iguais para brancos e negros”.
Já a professora de Educação Especial Luciana Cardoso do Nascimento Silva ressaltou que a data não deve ser apenas comemorada, mas refletida.
“Eu não diria comemoração. É conscientização. Precisamos refletir sobre o passado e construir políticas de igualdade racial. Resistência é a palavra. O povo negro tem lutado e continua lutando”.
A professora Maria Laura dos Santos, também palestrante, destacou a importância de ocupar espaços de fala e valorizar a cultura afro-brasileira.
“Esses espaços são fundamentais para que possamos falar sobre a cultura do povo afro. A educação liberta, transforma, muda vidas. E é por meio dela que conscientizamos crianças e jovens sobre preconceitos que, infelizmente, ainda existem”.
A vereadora Sirlene dos Santos aproveitou a tribuna para reforçar a defesa de políticas públicas que assegurem respeito e oportunidades.
“Precisamos de políticas eficazes. Ainda existe muito preconceito. Somos todos iguais e precisamos de mais mulheres na política para desenvolver políticas voltadas ao trabalho, ao estudo e ao respeito”.
Propositora do evento e representante da Procuradoria da Mulher, a vereadora Evalda Reis enfatizou o peso histórico da escravidão e a importância de ampliar a visibilidade das mulheres negras.
“Nada repara o erro grave que foi a escravidão. Mas aos poucos vamos construindo. Este é um espaço de voz e visibilidade para mulheres negras. É maravilhoso ouvir suas trajetórias e compartilhar com a população”.
O painel encerrou com a mensagem de que o Dia da Consciência Negra não se limita ao calendário. As vozes presentes reforçaram que a luta por justiça, respeito e igualdade racial precisa ser contínua.